domingo, dezembro 25, 2011

amor

lustres acessos iluminam as tochas de livros.
o vento em cólera de encontro a todos vidros.
mulheres histéricas as portas nos umbrais.
águas cadentes pesam nos tapetes.
desordens milimétricas,
caóticas formigas.

a boca aberta do abismo mostra seus dentes,
e engole a carne de todas as coisas.

só a minha cama flutua,
e nós duas
nada percebemos.

judia

tem algo no meu cabelo,
tem algo no meu cheiro,
tem algo ruivo
tem algo cru.

tem algo perpétuo,
tem algo forte,
tem algo que continua,
e outra coisa que cessa.

milhares de anos impressos na pele,
nos dentes,
embaixo das unhas,
em cima do texto.

sábado, dezembro 24, 2011

cobra coral

que gosto estranho você tem de viver o pior de nós.

abre a porta com esse sorrisinho marrom.
e cobra cobra cobra.
senhora da virtude és tu,
com seu colar de pérolas.
e eu o porco.

que gosto secreto (e imundo)
tem por trás dessa invenção.

se você me quer assim,
que posso .......... ?
senão
abocanhar uma maça.

sábado, dezembro 17, 2011

agora

hoje eu não queria dormir.


queria prolongar na pele esse cheiro.
queria cantar com os galos
- vagabundíssima.
queria sentir o céu estourando e ficando mais calmo,
orgasmo matinal.
queria cantar um pouco, e rir,
ao invés de antecipar a ressaca.
quero mais,
quero desafiar a manhã,
o ritmo,
a natureza.
desafiar estando junto, do mesmo lado,
como o poder dentro do sexo.

hoje vendo o céu arrebentar esse vermelho é tanto que quero,
e simples o ser.
sim.
sou.
estou.
agora.

feliz.

quarta-feira, dezembro 14, 2011

escritasdesonhoshipocritas

Também quero salvar a floresta,
mas não consigo manter vivo nem um vaso de planta.
Visualizo em sonho cidades de pedestres, ciclistas e transporte público,
mas não abro mão da minha caranga para nada.
Brado alto contra os preconceitos,
mas eu mesma vivo falando mal das "peruas" e dos bancários.

Primeiro passo sonhar,
quem sabe ano que vem arranjo uma bicicleta.

sábado, dezembro 10, 2011

brisa estelar

no começo não tinha nada.
aí surgiram as estrelas.
imensas.
densas concentrações químicas.

no universo quase azul
vaga no nada
o passo discreto das estrelas.

antigas e caladas.
luz, no tempo.
e nós pequenos olhando para elas,
lembrando dos gregos,
nos esquecemos.

(que até uma estrela é menor do que um buraco negro).

stella

no começo não tinha nada.

aí,
surgiram as estrelas.