domingo, fevereiro 16, 2014

heras



da nossa vida eu não sinto falta.
mas não sei por que
ainda sinto falta
de você.

ali

sei da ausencia,
perfeitamente.
decorei esse estado
entre todos meus dentes.

anseio a presença
como uma adolescente.
como algo em mim
que quer persistir tola
e improvável.

nesses tempos de secura e maturidade,
o gosto torto do amor,
vem desamparar as certezas.

sábado, fevereiro 15, 2014

pela nudez de todas as coisas.

na hora agá viu que não existia hora agá. e aí com a tomada na mão, os três fios coloridos e aquela desesperança adestrada que só se vê nas grandes cidades.
nenhum mar vinha mordiscar seus dedos,
nenhum bicho atazanar sua pele,
nenhuma surpresa.

esse comichão suave que tomava seu coração.
não sabia se era os efeitos retardatários da droga de ontem
ou alguma espécie de saudades.

se porventura anotava um telefone num papel,
no primeiro deslize suas mãos o trituravam,
distraidamente.

ali onde gosto nenhum chegava,
uma certa ânsia por refrescos tópicos.
gim, sexo, açucar, narcisismo.

naquele lugar
praia nenhuma inventada paz.
o murmurio constante dos carros na rua
fingiam algum tipo de coêrencia.

os cartões de crédito ou débito
a nova invenção do marketing
o branco mais branco.

a estupidez proliferava,
cada vez mais parecida com o silêncio.
ninguém ouvia mais nada.

no meio do desespero era dificil sentir o desespero
no meio do desespero era dificil sentir 
no meio do desespero era dificil 
no meio do desespero 
no meio 
nu.






domingo, fevereiro 02, 2014

nilo

(egito que me pareceu uma boa palavra pra começar um texto. eu, que já me perdi, não vou me comprometer a escrever um texto. escolher palavra por palavra, ou só soltar a mão enquanto quase pensa,)

como dançar e é tão dificil dançar
e deixar uma mão avulsa talvez morena
conduzir seu corpo sem jeito.

a mão. tento a adivinhar entre minhas costelas.
de vez em quando a perco. não sinto.

(se é pra ser astrologa curandeira no meio de muito mato
ou estudar o labirinto da historia numa cidade espanhola
ou ainda voar nas vertigens do capital na cidade do capital.
vou para bahia.
lá, entre águas bem claras, companhias e algas marinhas
talvez essa mão que anda meio mole
assuma essa dança.)

o mundo é tanto,
e minha vontade tão pouca.
fica uma saudades
ocre,
viva,
no fundo da garganta.

aproximo aproximo lentamente.
como quem tateia sons no meio da mata.
aproximo sem saber de quem ou que.
na espera de que ali no além tenha o algo
que sequer eu sei precisar querer.

e quero.
e vivo.
e a vida imensa chega mansinho sobre meus pés.
ou come minha cara como uma pantera.

foda-se.
vou terminar esse texto como comecei.
num descompromisso necessário
com qualquer coisa que não seja oceano.