quinta-feira, agosto 31, 2006

barroco mineiro

desde sempre o delírio do comportamental, a ver, seu vestido não se mexe no vento, antes de tudo nem sequer vestido está. menina molhada de chuva, jogos e medos, falsos, o que motiva é inconsciente. cadê meu estado de graça, consciente do inconsciente? pra ninguém botar defeito vou bem só, se música e bebida houver. cruza a temporada da minha solidão.

quarta-feira, agosto 30, 2006

dois nacos de algodão

se você não abrir as pernas muito será mais interessante, isso, a calça antes dos joelhos, nem que queira baby. (nem que queira baby).
duas nádegas durinhas,
o desprezo de um cigarro na varanda.
me despojo da amargura pra comer seu cu.
(como os russos, pura pulsão).
falo em porcos e penso na minha mãe.
os valores morais perdi no vietnã.

domingo, agosto 27, 2006

som do vento

- sentei-me na varanda, eu, o cão castanho, e o velho sussurro da morte-

de certa maneira outra
corpo frio de febre
à flor das flores
chamei
em vão
minha
poesia
mono
sílaba
uísque na mão.

espiral

tudo é meio do caminho,
não quero estar em parte alguma,
(metonímia).
nem lembranças,
e limites.
talvez se fosse temporário,
então seria fácil.

solidão absoluta.

sábado, agosto 26, 2006

chamá-la ei de flor amarela

de olhos fechados, lânguida, nunca tão linda, dizia-me da falta de pureza absoluta.
enquanto a comia com os olhos, enquanto consumia-a em labaredas insanas de lúxuria nada cândidas. soube que enfim, esse ser do pó, da lama, do desejo puro e mal carpido, da guerra, da fome, e do vício, esse ser da morte, não é nada além de puro, como puro são seus erros.

e nunca me esquecerei

terça-feira, agosto 22, 2006

as prostitutas e eu

subindo a augusta de bicicleta,
- você quer comer a minha batatinha?
- puxa vida, só vou comer a sua batatinha..........
- então engole em dez minutos que eu te dou uma carona..
- cê me ajuda a engolir?

só desilusão

e já tudo começa mal demais, sei bem como são esses dias que eu não me lembro de nada. não me lembro como acordo, como durmo e quando sonho. desde de manhã vai crescendo um monstro na barriga, as mãos ficam inquietas, as coxas. se contabilizam as pulsões, se sublima a raiva e o medo. ao meio dia é insuportável, visualizo cortes, muitos cortes, pelo corpo inteiro, continuo andando ajeitando a vida, e o sangue escorrendo cândido pela barra das calças, me espalhando por aí. vejo todas as aulas, e o sangue saindo por todos os buracos, são tiros de cowboys, frases de poetas, e continuo andando, sou milagre, e vivo. fecho os olhos na mesa do bar, rio, rio de luxúria, como nunca ri antes. morro, morro, mas não corro, e não fujo. mas fujo? sei que fujo. e então?

segunda-feira, agosto 21, 2006

dias + dias são meses que ninguém viu

não chore sobre o leite derramado,
que o açucar não anula os danos do sal.

controle sua amargura rapaz,
ela não é nada pra ninguém,
nem matéria literária,
de um texto sem autor.

zero não é vazio

estou doente, e não tenho medo. pedras no rim, lágrimas duras, copo d'agua, pra tudo cessa sede. se soma tudo o que não se nega.

psicosomático,
doente da civilização,
deito no silêncio pra curar as chagas.

ledo engano,
não é o corpo que não acompanha a passionalidade,
é a alma que não acompanha mais nada.

(deito no silêncio como orvalho, deixo derreter como rio, a pele.)

sou pouco sem contar o infinito,
mas ainda sigo,
quando tudo é impossível.

sexta-feira, agosto 18, 2006

batata

acordou com a mão dentro da calça, com a outra procurou o cigarro. adorava acordar canalhinha com sua jeans surrada,
tragava o fumo, e olhava o quadradro branco da janela,
qualquer um acreditaria ver james dean.
a menina ainda dormia, pesado e sem a menor elegância.
olhando a figura opaca através da fumaça pensava
"há dois tipos de garota,
as que perdem a graça quando dormem,
e as outras."
somos todos grandes filósofos.,
principalmente pela manhã.
mas não importava,
ele nunca se relacionava com garotas,
ele simplesmente duelava com seus próprios conflitos,
a frieza, as prisões, as distâncias,
antes de tudo o amor,
eram uma forma de garantir a maldição.
antes que ela acordasse partiu para rua,
seu jeans, seus olhos, o chão, a fumaça, o café,
manifestações da massa putrefata.
sua juventude tinha vida útil,
do último café até a próxima úlcera.
perdido em pensamentos niilistas e ordinários,
como bem desejava sua poesia maldita,
fechou sua braguilha aberta.

quinta-feira, agosto 17, 2006

baiacu

nove da manhã e recolho os meus destroços,
nada melhor do que um solzinho nas ventas pra matar os micróbios.
no outro banco do pátio escuto sonzinhos mortos de bocas,
beijinho, beijinho, olho pra menina,
ela num consultório médico,
33...
33..
beijinho.....
que horror essas meninas de hoje em dia,
pede pra vovó botar viagra no canjão.

outros passos, seguro minha ânsia pra dentro da calça,
dois meninos discutem a racionalidade e o comunismo,
deus ateu, me salve desses reacionários..

blasê... blasê.. pois não? como não!

terça-feira, agosto 15, 2006

batuta

narciso nunca descansa,
de tudo somos um tanto,
nos olhos-espelhos que temos.

sou também o leão do mágico de oz,
e preciso de coragem.

se tivesse alguma,
investiria no bovespa.

domingo, agosto 13, 2006

cérebro eletrônico

as mãos estão frias,
vejo nos olhos que mudam de direção,
na boca que se sacia e murcha.
os ossos estão duros,
a carne putrefata,
e a solidão imensa.

a noite engole os vícios,
e te deixa caminhar sozinha,
nunca foi tão claro.
ninguém vai conseguir te alcançar.

sexta-feira, agosto 11, 2006

deltas de vênus

não, não quero seu casaco,
não, não quero seu amor.
a maior homenagem é o silêncio,
testemunhando cada um.

de que valem sonhos e copos de cerveja?
se você não sabe como todo dia eu canto no banheiro,
os trantornos bipolares, os vícios de linguagem,
as cicatrizes.

descubra minhas pintas,
descontrua meu passado.
e aí sim,
terá verdade no que eu digo.

quinta-feira, agosto 10, 2006

nevasca

toda gelo, pra rimar com cocaína,
de vestido verde,
e trançinha.

passava na minha frente no bar,
todas as vezes necessárias,
pra ainda me deixar longe.

eu sei que eu sou uma criança,
me contentava em ver suas costas,
e seu homem do outro lado da mesa.

ína, da heroína,
seus olhos pedrinhas,
não consigo proferir palavras em sua presença.

queria um dia,
dar um teco
da tua frieza.

queria um dia,
quando largar mão do barbicha,
que sejas minha farinha.

segunda-feira, agosto 07, 2006

eu não lembro

domingo, agosto 06, 2006

razão

ninguém nunca vai saber que dúvidas fazem a mulher neurótica com pílulas e cigarros convulsos e uma bolsa cheia de coisas que ela empilha uma por uma procurando a garrafinha de scotch. nenhuma mulher nunca vai entender suas próprias costas e a silhueta fantástica a não ser no ardor de mãos fortes e nos brilhos de outros olhos. quem saberá um dia se é melhor viver pelo desvirtuado hedonismo ou seguindo como um tonto essa tal de ética? e antes de tudo, quem poderá equacionar o amor e suas possibilidades? não ouso tentar amparar o mundo nos braços, se o que sei é apenas uma miragem.

a menininha e os lobos

passo o dia buscando razões que me justifiquem,
mas é mais fácil postar no horizonte.
pra nunca mais me sentir vazia,
eu finjo,
que nunca terei o que espero.
tão mais leve fingir que sentir,
sentir marca, pesa, e... desaparece.
faço-me de espectro então,
plenamente nada,
porque tenho medo.
(tenho tanto, que até com o medo me assusto).
não sei,
só sei que preciso de uns braços, e umas pernas,
ao menos uma mão que me ajude,
a descobrir essas pedras do caminho.

sábado, agosto 05, 2006

morning

quando você decide corroer seus orgãos,
destruir o super-ego,
e se transformar numa massa porosa do etílico,
nada melhor que uma coca-cola.

quarta-feira, agosto 02, 2006

vermelho

descia do ônibus,
mostrava os peitos,
e dá-lhe pão com requeijão.

terça-feira, agosto 01, 2006

aeroporto

a realidade jamais ultrapassa os mais baixos níveis da mediocridade,
é dura e sua feiura não é nada encantadora.
assim, não me aparece melhor alternativa do que sentar e escrever
- lotar de adjetivos essa tal de civilização,
vira-la de lado, de baixo, de todos os ângulos sórdidos.
ir perseguindo como uma miragem os melindrosos instantes do conjunto, numa tentativa ensandecida de torná-la encantadora.-
talvez só tente resguardar a repugnância,
que tenho ao mundo,
como veio ao mundo.
talvez a poesia seja só uma esperança,
de que a poesia realmente exista.

pela janela

imagino
que em algum lugar entre a escuridão e a escuridão,
esteja o horizonte.
mas no que penso...
tenho certeza.
(tenho a lógica dos poetas)

afinal,
estrelas não são nem de mercúrio, nem de sódio.