quarta-feira, novembro 21, 2012

vinil

já estar com a boca cheirando à violência delicada do gin.

e não perceber o suor na nuca,
as palavras embaçadas.
não perceber seu cabelo cheirando a cigarro
bagunçado na cara.
as cidades vão desabrochar
com esse hálito feroz.
os lugares que sua mão vai tocar.
e depois eu vou lembrar.
como um disco que gira infinitamente
sem girar.

terça-feira, novembro 20, 2012

cazuza

caralho, ouvindo essa musica desse jeito e andando por essa calçada assim. essa calçada fodida, feia. essa noite de quarta, esse escasso. suas pernas quase gordas comprimidas na meia calça comprimida na saia bem pequena. anda por essas poças, por esses desperdícios. nada encanta a princípio. tudo se encanta num olho que demora.

coincidentes

cede as mãos, mas deixa as pernas. deixa elas respirarem, como a palavra que não sossega na minha boca. a palavra imperativa do agora. nenhuma outra.
o álcool aos poucos corroi os copos de vidro.
isso é o que dizem para acalma-la.
dizem sustentando novas toalhas de linho, úmidas, contra sua testa.
seu pai deve ter uma fábrica de toalhas.
o seu suor parece tingir a pele, mas é mentira.
o cheiro ocre se apruma no ar. esperto. vem direto a mim quando chego, quando a noite chega em mim.
é difícil reconhecer o rosto do prazer nesse parece rosto, nesse rosto que coincide em tantas coisas, menos no aspecto, menos na cor, menos no que provoca em mim. esse novo rosto coincidente usa minha mão para novas coisas. ela se esquece nesse momento do calor guardado em movimento. do espalhar do calor. minha mão, nesse momento, transformada, minha coincidente mão, sustenta toalhas úmidas no colo da sua face.
as suas coincidentes pernas apoiadas nas suas coxas. o meu desejo coincidente escapa entre os dedos. escapa em suor. escapa em loucura.
ao ver suas coincidentes coxas abertadas uma contra a outra.