terça-feira, maio 20, 2014

nascente

mentiras esculpidas no seio da saudade,
são suas idiossincrasias que vem me saudar.
do longe  fomento essa solidão repleta
com fatos delicados costurados em linha branca.

ficções e outras prosas corrompem
o fio infame da verdade
porém inflam de ar quente
o ventre tardio do querer.

e se no meio da tarde
rompe
a linha tenue
que desenhei
entre eu e você
e me entrega
embrulhados
os fatos todos inventados
em papel jornal
ai o amor desabrocha
como a água explode
de dentro da terra
sem avisar ninguém.

quarta-feira, maio 07, 2014

frieza

o gelo bem fino que se rompe se parece com vidro,
mas corta de frio e não de ponta.
o gelo que vira água
e escorre pelo seu corpo que é quente,
seu corpo que muda,
mas que é sempre mais quente que o gelo,
mesmo triste,
mesmo louco.

o gelo que dói a pele.
o gelo que emprazera o calor.
o gelo na sua bebida.
o gelo entre nós.
derretendo.
nas nossas peles quentes.
sempre mais quentes que o gelo.
mas sempre a derreter.
como se também o frio fosse infinito.
e nós duas estivessemos para sempre presas
nessa geleira escaldante, desértica, infernal.