segunda-feira, dezembro 25, 2006

freaks

mas que coisa mais linda ver as duas dançando,
vermelhos e azuis intermitentes,
como luzes que se apagam.
uma se foi na metade,
a outra me deixou na esquina,
e eu logo senti umas saudades.
saudade grande, saudade boa.
é coisa de guardar no peito,
essas duas aí.

domingo, dezembro 24, 2006

celibato bicho

turva água que irrompe desses olhos,
libertando vontades de outros carnavais.
jaz, assim como plena, também fugaz,
refletida na retina. apenas.

eu não quero eles,
e não quero elas.
anseio pela mais absoluta abstração,
abnegação de defeitos,
de charmes, e medos.
faço desse meu eleito.

exercício bilac-an(us)

há o mal que me faz tu.
se escondes no breu,
essa outra, não eu,
és cruel e nefasto.

calor que dependo,
pensado e então dito,
distante e maldito,
acaba que sendo.

se já não aceitas,
os intentos lindos,
que entrego em sua mão,

as juras mal-feitas,
ou beijos bem vindos,
como ato simplório, que jogas ao chão.

sotão

pra fazer o nascer do dia,
vingar o sol,
só maria.
tão só.

maria.

sexta-feira, dezembro 22, 2006

vamos beber um vinho?

o dia inteiro desamparado. mas já não podia beber, não podia sequer reagir com um sorriso, ou meio. surto mudo. invadiu seu próprio útero, alcançou o som da luz, quis fazer do sim, talvez. interrompeu o tempo vendo o céu.
era o monstro novo que tinha nas visceras. angústia que quando se mexe causa enxaquecas e hemorragias.
entrou correndo no quarto, balançava os cabelos como um lunático, pôs os tambores africanos sintetizados, e dançou toda cegueira.

cortou os cabelos com as mãos nuas de calos.
(medo do depois de desconstruir todas personas)

desespero bom de se tacar na janela.

have a good sleep

procurou o espelho com os olhos e achou repentinamente sua face, endurecida, mesmo que surpresa, como se anos houvessem passado em algum momento desde o passado. decidiu por ímpeto próprio transformar-se, corrigir suas fraquezas resgatando partes perdidas de si. mirou-se outra vez, dessa vez era um homem decidido, declamando suas dores pela sala, fazendo voar perdigotos por todos os cantos. terminou a fala como um cão em liberdade, um pássaro, talvez um gato. sabendo, ao menos por pouco, vislumbrar a própria liberdade. lia como um desvairado, em sua mente, as palavras que escrevera à anos, e que sobreviviam sem razão aparente no sotão de suas memórias.

quinta-feira, dezembro 21, 2006

blue print

ainda sou a folha em branco,
e posso voar.
eu tenho a liberdade do domingo,
mundos sem formalidades.
na minha testa não imprimiram nada,
perua, solteira, vagamente ruiva,
psicóloga.

ainda me dão o direito
de finalmente ser eu.

o tempo pra mim é areia.

eu não pedi por nada disso.
não quero a responsabilidade de uma escolha que eu não fiz.
não quero um fardo que sequer é meu.

tô pensando em trancar a puc

quarta-feira, dezembro 20, 2006

reprise metrificada mais bilac

o sol azulejar o dia,
nos passos dispersos e livres,
vem me fazer companhia,
além do teu útero,
macio e leve.

apesar de toda tristeza,
me escorre puro assim - belo,
pelos poros que além de tudo meus,
também tem sua beleza.

beijos enfim na tua bochecha,
esparramando-se pelos teus restos,
chego em casa enquanto amanhece
e cessa o pensamento.

semi

cheiro os meus dedos, e sim, é um tema chato, mas eles cheiram a cigarros. é porque eu sinto falta de sentir alguma coisa. imagina só aquela velha história de realmente ficar feliz quando alguém chegar. velhas velhas histórias.

crazy.

li com certa dor, porque eu sei que de qualquer forma você não sabe se entregar, digo fenomenologicamente. que adianta você falar de mim? se pra você qualquer nome serve.



não que pra mim não sirva, e não que você não ame a todos. mas é como se fosse diferente. é igual, mas é diferente. pra mim eu me entrego na esperança que alguém possa entender. você tem medo. de qualquer maneira. e eu não sei quando você pode me entender. catzo.

todas as mulheres são malucas.

terça-feira, dezembro 19, 2006

mack the knife

seus olhos de anos estão vivos dentro de mim. me perseguem em cada canto que eu vou, e me deixam dormir em paz. quando eu rio, quando eu danço, quando eu nego, esses seus olhos estão dentro de mim. é porque eu vi eles vivos em outros tempos, e eu sei guardar segredos.

domingo, dezembro 17, 2006

inc.

a minha genialidade é diretamente proporcional a quanto estou distraída.

ópio

esperava a brasa atingir por inteiro o cigarro, não queria aquela deformidade inadequada de quando não prestava a devida atenção aos fósforos. esperava levemente irritado, que era a forma que ultimamente esperava todas as coisas. cortando fárois vermelhos, perdendo amigos, comendo cru. finalmente queimava por igual e então ele se dedicava distraidamente a tragar todos os cinco minutos que tinha à mão. quando já não podia fumar sentia-se vazio, como poderia então acompanhar aquela noite linda, com tal música lúdica? sentia-se vazio, e dividia-se: abrir um vinho, acender outro cigarro, bater uma punheta. de fato não poderia ficar inerte ante a manifestação da qual era mero sujeito. até porque desaprendera a ser, como simples fato consumado. deitava na cama com o mesmo não sorriso dos últimos tempos (via sua própria face por outros olhos nessas horas - a cara séria, pálida, quieta), se o vissem poderiam até acreditar que era um dos tais homens honestos, porém, ele o sabia, qualquer charme extraído de sua feição era pura hipocrisia - aquilo tudo não passava de amargura. em cima do criado mudo repousava um salinger. era um pouco como se sentia. como um personagem de salinger. toneladas de melancolia mascarando um mar de situações mal resolvidas. ao menos isso admitia.
deitou e então quis fugir. pensou em morrer por poucos segundos. perdera o amor, perdera o sentido. como sempre nas horas do desespero tentou hipoteticamente achar um lugar em que poderia estar em paz. e como em todas as vezes, não encontrou. sempre soluções patéticas e temporárias. intermitentes euforias.
sentou-se perto da janela e acendeu outro cigarro. a paz de cinco minutos de um cigarro bem fumado. esse era o seu paraíso. o único que sua fé fraca conseguia alcançar. o vento bateu na sua cara, trouxe a fumaça pra dentro do quarto. e a única coisa que ele quis foi miseravelmente acreditar em deus. qualquer um que fosse.

sábado, dezembro 16, 2006

molhar no mar

não me dê atenção ou te desprezo. não toque no meu cabelo, não faça carinhos no meu pescoço, corre o risco da minha dor cuspir na sua cara. se você vier mais uma vez falar da sua vidinha pequena, eu ainda não vou saber quem te perguntou. se você errar ou rir demais, sim, será inevitavelmente uma incompetência. e eu vou gritar e cuspir, e rir desesperadamente pra dissimular. porque no fim das contas, é coisa de se sentar numa viela escura sem medo de assalto e chorar, chorar, e deixar numa poça toda a amargura. e sair leve e nova.

sexta-feira, dezembro 15, 2006

peter pan

se eu simplesmente pudesse mijar nas calças e ficar tudo bem,
o tudo que dói não doeria.

segunda-feira, dezembro 11, 2006

privacidade é pra judeus

eu não gosto de me enganar..
não, eu espero que não...
eu não vou te enganar..
eu só quero fazer uma poesia bem bonita,
pra você poder beber com vinho,
pra você poder olhar com flores,
ou comer no meio da salada..
eu sempre espero que você não se chateie,
com tanto dadaísmo..
mas todo mundo sempre se chateia,
e eu mesmo me chate-ei
então estou sendo chata.
um pé no saco,
embora nenhuma de nós tenha um desses.
bagos, essa é uma boa palavra.
há muito mais do que isso.
do que a mediocridade que eu vejo.
só porque voce nãoo é uma pessoa medíocre.
e é por isso que eu nao vou te enganar.
não, eu espero que não............

aleatória

são traços de se encontrar que me trazem felicidade, melhor ainda um tipo de beatitude, espalhados pelo quarto. mamilos vinhos e charles mingus. se eu acender um fósforo e olhar meus olhos dentro do azul da chama, é que meus olhos são azuis, e de repente tudo é o samba que toca, e dá vontade de por vestido. to sambando baby, com as mãozinhas rídiculas em movimentos rídiculos, to valsando baby, como não danço, e como o faço sozinha. mas a música já mudou e agora não dá mais pra pensar nessa batida de violão. agora é tudo euforia bruta. chuva suor e cerveja.

sábado, dezembro 09, 2006

essa noite sonhei

primeiro puseram dois potes de sorvete de chocolate com pedacinhos de chocolate, calda de chocolate e licor - de chocolate. eu com o meu ímpeto comunista e controlador decidi ordenar as coisas, servindo por ordem de idade e sexo. qual não foi minha surpresa quando levada por forças ocultas a encerrar tal atividade, o Homem, um tipo magro e pálido, designado para substituir-me, serviu-se da última extração possível do sorvete e partiu, com uma nova mancha na camisa grande demais para ele. ao deparar-me com dois novos potes de sorvete, dessa vez de creme, e sem artifícios de caldas ou pedacinhos, fui levada por um ímpeto decidido de fuga, ao que fui me esconder em baixo das mesas grandes da copa. não deixando então de tornar lágrimas sujas, mesmo que pueris.

então freud disse pra tentar interpretar.... e o que eu acho de tudo isso é que........
sou adulta... é, adulta.. virei uma adulta amargurada porque nem ligam mais pro sabor de sorvete que eu acabo no prato.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

lucky strike

ahhhh....
cerveja, cigarros, chocolates...

quinta-feira, dezembro 07, 2006

exército

eu não sei exatamente o que me angustia tanto quando eu tento escrever.
se é porque eu sou realmente ruim,
ou se é o instinto perfeccionista.

terça-feira, dezembro 05, 2006

radioplex

carros passando
homens-passarinho,
putas se dando,
e eu..?
só existo de fininho.

então é que fico pensando,
e invento musas e poetas:
faço-os meus enquanto ando.

essas vidas que não são minhas,
se escrevem pelos meus delírios,
retratos vagos de traços e linhas,
anônimos por definição.

borrão inadequado,
por persistir nessa cidade lúcida,
mais de mil léguas cansadas,
mais um grito rouco na esquina.

e se é pouco,
o que deles sinto.
talvez tudo seja ainda,
é por isso que minto.

tarada

acho que não tem nenhum problema ficar pensando em sexo.
natural.
são os hormônios.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

atribuído

tive um filho nas últimas doze horas
era eu olhando para um espelho branco
brandas dores do parto

era um quadro
era um dorian gray
era um rococó neo expressionista
era o meu eu mais gay

pura descontrução
juba de leão ruiva vasta
e um resto que eu conhecia

achei bonito.

bíblico

eu guardo meus clichês numa pasta furta cor, os tateio no escuro quando preciso de conforto.
(sobe um tom)
precisamente nas noites que transtorno vira obsessão, trazendo a insônia como um presente de mil verbos: como um bule de chá preto, como uma dor de estômago, como não ter um amor. são raros minutos de se mastigar a própria companhia, e a própria ausência. - ela não acreditou da penúltima vez que lhe disse (por mais que tenha me convencido do exato oposto), mas acreditou na última. e me deu um abraço de anos.

sexta-feira, dezembro 01, 2006

faz

é que eu esqueci de passar carmim
fazendo-me mulher
em vestidos rodados e flores
que eram só pra ti

fazendo das minhas linhas
vírgulas
sozinhas
para que possam ditar meu ritmo

é que quando mais preciso
as subtraio do meu gesto
e transformo a presença
em branca desnuda ausência

pois bem quando não me faço mulher
dessas que só choram as dores do parto
bem quando me faço em pedaços
é que de ti só resta
a branca desnuda ausência.

quinta-feira, novembro 30, 2006

prisma

Eu sou o labirinto.
Eu sou as milhares de veredas que não levam a lugar algum.
Eu sou cada caminho que além de suas curvas guarda novas promessas.
Eu sou o medo, de nunca chegar a nenhuma parte.
Eu sou o fim no meu próprio cerne,
e tenho nesse fim a morte.
Eu tenho a alma desvairada,
que sobe pelas paredes com as unhas mal cortadas.
Eu tenho a alma perdida,
que calma vaga por essas brumas.
Eu tenho para cada passo em vão um sonho perdido.
Tenho a indigestão do ócio,
a amargura do tédio,
e as cólicas da solidão.
São todas minhas as esquinas perdidas pelos reflexos.

Mas não,
não sou nada.
Nem Fernando, nem pessoa.
Não ouso ser nada.
Não ouso ter nada.
Além do labirinto,
nessas curvas miseráveis.
Não há nada além disso,
nem uma migalha, não há um resto,
sequer,
que deforme o labirinto nos espelhos.

quarta-feira, novembro 29, 2006

ne me quitte pas

das vezes que se mexer é insuportável e mesmo que você tenha dormido 12 horas, mesmo que você tenha passado a noite inteira tentando se esquecer, e de repente tenha virado dia, e mesmo que já seja de tardinha. ainda sim o mundo é pesado demais pra você e é melhor continuar dormindo. tencionando os músculos na cama pra acabar com essa energia repentina. dormir e se esquecer. assim é ótimo. já não há mais mundo.

e então já se passaram dias e seu corpo tomou a forma da cama. a pele mole, o suor acumulado na camisa. o desespero alimentado. aí alguma coisa acontece. começa a chover estrondosamente. seu pai aparece com um taco de beisebol. ou você está a um passo de bombar na faculdade. e então você se levavanta. e o mundo é frustante.

segunda-feira, novembro 27, 2006

tupperware

era frio frio frio........
todos meus pelos gritavam,
tudo em mim pedia morte,
imediata, coerente.
não..


minto.
olha, é difícil explicar sabe.
não posso dizer que não houve,
que aconteceu tenho certeza,
foi a ordem dos fatos entende?
teve o frio úmido,
(mas ainda não tenho a certeza ímpia de que o frio era
ausência de calor.) tem desses por aí também.
e tem outros.
mas isso foi antes, e foi depois também.
entre o frio, teve um calor,
úmido também, que fazia as costas pedirem socorro. dessa vez.
(aí foi um entre, mas foi um entre antes).
daí no fim foi o frio de novo,
mas outro. não de clemência,
mas de lembrança.
esse aí nem doeu não.

sábado, novembro 25, 2006

do meu lado

de repente era tudo muito pouco.
soma irrisória de acontecimentos,
dias seguidos, intercalados por noites,
vazios - úmidos.

de repente já nem era mais real,
mais uma questão dessas de viver agoniada,
um quase nada,
seguindo o fluxo constante dos segundos.

suspeito que esse andar assim,
não leve a lugar algum.
sei que o transtorno da melancolia
é porque teimo em não escutar.
seja o patético ímpeto da alma,
ou ainda a famigerada vivência dos poetas.

acabo por me tornar uma viciada em solidão.

terça-feira, novembro 21, 2006

hare rama

é que eu tinha dentro de mim um troço de um mundo.
e as pessoas iam ser o melhor delas.
e elas pensariam coisas belas, simples e profundas de monte.
e não seriam fúteis (mas tão fúteis como o são).
e não ligariam pra coisinhas pequenas como formigas,
(mas ligariam pras formigas.)
e a paisagem seria tão bonita que era alimento.
e todo mundo era gentil,
pra pensar em todos com carinho,
com calma.
porque eles iam se dar o tempo de ser.
iam todos ser juntos.

e daí eu descobri que esse lugar existe.

quinta-feira, novembro 16, 2006

lira

eu não sei,
de quase nada,
do que veio depois,
do que veio antes.
de quase tudo,
eu não sei nada.
do que veio antes do depois,
e que foi depois do antes.

eu não sei do tempo, nem do erro, nem da morte, nem de sartre.
eu não sei dirigir caminhão, andar só com as mãos, ou ouvir um não.
sei só o saber
do melhor é não saber.

segunda-feira, novembro 13, 2006

domingo

créditos rolando no fundo escuro, música brega, mais uma ilusão americana.
massa cinzenta.
lentamente tomando consciência de si mesmo. costas doendo, uma vida inteira nas mãos:

-não é possível voltar a viver assim, repentinamente assim. - pensou num ímpeto inexato, com a cabeça baixa para que não vissem as lágrimas que, de qualquer forma, não estavam ali.

saiu
escoltado pela multidão.

perdia-se de si, e voltava a regurgitar pensamentos:
sussurrou amargurado, repetidamente, rendeu-se, lacônico. mesmo achando que eles nunca compreenderiam o sentido daquilo tudo. não, definitivamente não entenderiam. era um silêncio que nem ele mesmo ousava saber de todo.
apressou os pés, e voltou-se para o seu disfarçe. um homem tocava tranversal, o outro desenhava retratos, a chuva rala caía, e era noite. tudo se encaixava nos gabaritos da sua solidão. pensava, desleixadamente, queria um gravador para poder captar e destruir toda a graça dos fluxos de consciência.

espreguiçou-se lânguido na poltrona vermelha. um jazz distante, talvez do vizinho de baixo, os cigarros que ele já não fumava a anos. podia finalmente ser o jornalista desiludido, vendo os carros passarem com desespero através da persiana decadente comprada na 25 de março.

quedaria-se, em instantes, na cama, vencido pelo cansaço, perdendo mais uma madrugada em que ele poderia ser ele, um ele-eu, um gato, e mais outro gato que era a noite-tão-tarde: dois vagabundos insones.
sonharia um sonho branco, leitoso,
no final das contas acordaria e, quem sabe, seria mais uma vez o ainda ingênuo e pequeno, e pastoso, e piedoso, eu, que apesar de tudo
(todo o peso do tudo)
ainda achava divertidas as formas retorcidas das nuvens.

pássaro verde

era novembro, porém, a menina do ônibus tinha a mão pousada sobre o mês de setembro.

quarta-feira, novembro 08, 2006

depressão (II ou III)

: faz suas coisas, é só a serotonina tentando te destruir.
parece que tem uma nuvem pentelha te seguindo o dia inteiro, apontando as coisas ruins, mas é que se você for ver bem elas nem são ruins, é um puta troço perverso sabe. fácil perder o prumo, dormir até que ninguém mais ouse te procurar. não dá pra parar de se achar um merda e pensar que ninguém gosta de você, acreditar nisso nesses instantes é bem dolorido cara. isso aí é trabalheira de racionalização todo dia, pra não se enganar. meu medo é que não seja mentira, e a minha mentira é achar que não é verdade.

segunda-feira, novembro 06, 2006

caverna

quase que pessoa,
tenho em mim todos os medos do mundo.
estando ali, e não estando,
enquanto você fala, eu ouço.
é um leve desconforto de não ter coragem de enfim,
ser-se assim.

nem coragem de olhar os olhos,
de aninhar braços,
de ouvir um não.

de todos os meus medos,
o pior.
menina, você é melhor do que eu.

quarta-feira, novembro 01, 2006

miojo

os dois pratos de macarrão pronto em cima da mesa, tão assim, calados, sozinhos, cada um olhando prum lado. (na cozinha branquidão das sete da manhã). olhando pela janela com paciência uma espera a outra, nem se preocupando se o macarrão vai esfriar, enquanto apura os mínimos gestos do entrevir, as pernas, e os braços. sabendo que cada segundo gasto daquele ritual é um instante inteiro. a outra senta-se a sua frente, parcimoniosamente começam a comer, concentradas, cada uma tão só quanto seu prato. logo sentem-se mais a vontade e começam a discutir dos fatos da vida: ainda tão infímas mesmo em relação ao barulho dos carros que passam, mas, mesmo assim, tão imenso quanto pode ser a vida enfim. os dois pratos vazios anunciam a hora da partida. despedida de entrelinhas tanto quanto o é, e o foi, para o resto de seus dias.

domingo, outubro 29, 2006

oxalá

puxa vida, a solidão e a anonimidade agora me alimentam. qualquer parede, atenção, dever e função me oprimem tanto. não costumava ser assim, e mais uma vez, me cheira a esquizofrenia. vou viajar, pra mais uma vez, pros outros, não ser ninguém.



mentira.

décimo quinto andar

os meninos dos telhados fumando cigarros, tirando a roupa já que não gritam com a mãe, bebendo a pinga dos trabalhos que não fizeram pra faculdade, olhando a cidade só pra eles, ao contrário das meninas que nunca se entregam. uma hora e meia que ninguém se importa onde eles possam ter se escondido, algo entre o término da aula e o jantar. Um lance de escada a partir do último andar, e eles são os reis que sempre foram, sem a opressão das mesquinharias constantes. esforço tão grande de tornar medíocre essa vida de que te falo. tem que ser muito passional pra saber viver das entrelinhas.

sexta-feira, outubro 27, 2006

like a roling stone

aqueles arzinhos de samba burguês infectavam as narinas de um jovenzinho de criação liberal como ele. vestidos de bolinha, saias de paetês, e dez mil meninas bonitas. o samba correndo por detras não acalmava suas hipóteses, os casais semi-profissionais no meio da sala, recendendo a sexo dócil. foi-se dali na pressa das coxas, com uma ou duas palavras gentis caiu numa ruela mal iluminada (e nem precisava ver mais nada). a rua era tão fácil pra ele, a chuvinha fina e a escuridão gritavam sua anonimidade. "when you got nothing, you got nothing to lose". há de se esvaziar o momento, em poucos minutos estará perto demais. novas palavras doces e a imensidão perdida, entre as quatro paredes do claustro, comeu uma banana e dormiu.

folículo

eu me pergunto porque toda felicidade intensa vem junto desse leve desamparo, minutos de querer morrer. se enfiar tanto na solidão e não ter mais solução. sim, sim, fácil falar dos outros, eles que não sabem lidar com nada (delicado erro), se protegem em mil máscaras, e eu já nem mais sei amar o amor dos puros. tais carinhos calculados, utopia de uma liberdade corrompida, ecos de uma existência conturbada. reconhecerá facilmente a melancolia nos meus traços? nela me protejo. não aprendi a lidar com o mundo, mas (ainda) sei de côr o sofrimento.

quinta-feira, outubro 26, 2006

awareness

auto-sustentada enfim?

segunda-feira, outubro 23, 2006

inocência

vai ver é trauma de intuição.
só sei sentir as coisas nas mãos,
digo,
extravasando pro algo mais.
sexo, arte, ou berro,
matando dias a grito.

chopchop

dias em que amigo de verdade é granola.

sábado, outubro 21, 2006

ato

não imagino pois escrever já é imaginar.

lapela

Chamo-te pra dançar, assim como quem não quer nada, quanto menos ao que diz respeito. Dar-te a mão como quem sabe segredos, intimidades do tempo. Travessia dessa tua sensibilidade, não saberás assim de mim, ao menos que seja dado. Mais uma, outra, tentativa rota, de que sendo eu a conduzir essa velha dança, não te percas no tempo. Não sendo eu outro vestido, tendo-te por parentesco ninguém mais do que as traças do úmido armário ainda seco, como teu sexo, mortalha de nós.
Mas giraríamos, e talvez nesse lusco-fusco, permitiria-se ser menos tu do que usual, entregaria-me mão, e seio, e virtude, como as flores que faço girar e girar. E por último, desespero cândido, tontura da sede que te provoco, daria-me tua liberdade, o mais belo, para que possa devolvê-la enfim intacta.

peixe

a vida só me é nas margens que a comprimem, nos olhos velhos que tem a doença de saber: olhos também cegos.
a primeira, ao redor é uma releitura, frequências e ritmos cambaleando no pensamento.
a segunda, o vejo com o que não deixo de saber, e não vivo a vida que vivi nos livros. descamuflando o pensamento, por vezes, torna-se como foi ontem, e o é raramente, ver-te assim pura e sem projeções infames. vida na essencia, eu estar assim, olhando pra você, se dando assim, é sentir a intensidade mais densa dos pequenos gestos.

sexta-feira, outubro 20, 2006

labirinto

se eu contrair esquizofrenia tão cedo na vida,
deixo pro nicolai todo o alcool que eu não bebi,
todos os cigarros que não me mataram,
e todas as ressacas que eu evitei.
pro bruno tudo o que eu não escrevi,
e pra juba todos que não amei.

sabe o que que é?
eu perdi o medo.

quarta-feira, outubro 18, 2006

síntese

crash,
poft,
pow.

domingo, outubro 15, 2006

meia lua inteira *

a lua muda surda,
toda palidez nua.
muda em sua loucura.
lunática
sem cura.

a lua muda em lua,
quarto minguante
nunca sua.
a andar perdida nas ruas.

*reprise

água ardente

escondida no porão, fumando cigarros de medo. meio rosto penumbra de vela, música de respiro. se olhar pros cantos e saber que não há em lugar nenhum, é também chorar, enquanto me abandono à você. momentos distraídos e é mulher. o sol nos prédios como gatos dormindo depois do almoço, metáforas sinalizadas do algo mais, detalhes submissos.
homem pálido esquálido, segurando lança de ponta, contra os ímpetos insaciáveis das visceras. tudo isso acontecendo, enquanto dormia no meu colo.

sábado, outubro 14, 2006

sombra

tenho que me livrar do medo.
ele não existe,
mas me controla.
solidão é uma ilusão,
não sei mais bem que música,
me diz que é melhor ser feliz sozinho.

contrasta a compulsão,
que é ainda achar beleza no mundo.

cambaio

o sol azulejar o dia, nos passos dispersos e livres, vem me fazer companhia, além do teu útero, macio e leve. apesar de toda tristeza, me escorre puro assim - belo, pelos poros que além de tudo meus, também tem sua beleza. beijos enfim na tua bochecha, esparramando-se pelos teus restos, chego em casa enquanto amanhece e cessa o pensamento.

quinta-feira, outubro 12, 2006

vazio

parto nessas viagens de que te falo como um homem cego. passos de ansiedade na ida, e passos de quieto desespero na volta. busco enfim a parte de mim nas cidades a minha volta, busco a palidez no breu que nos afronta. busco a alma que perdi, e que no entanto, me procura. de cidade em cidade, e em lugar algum. não posso encontrar-me nas paisagens, não posso me encontrar com tais pessoas, enquanto for impossível.

terça-feira, outubro 10, 2006

piegas

não me sinto vazia quando me aprendo. coisas como o amor sem esperar, aos outros, para si. as verdades todas estão em todo lugar. mundo-holograma.

macrobiótica

a realidade quem inventa
sou eu
o todo é o meu resto.
cindido mundo ao meio
todas as metades são inteiras
construções erradas são
laranjas ou não
minhas preferidas.

domingo, outubro 08, 2006

poesia barata

você aninha eu,
e eu aninha,
em teus braços.

sábado, outubro 07, 2006

olhos de vidro

às vezes as palavras dão razantes, é parte da poética o som que o som faz. outras vezes é preciso atenção, como quando as crianças tem a alma na superfície.
o importante é manter o espírito livre,
garantia é olhar fundo nos olhos.

quarta-feira, outubro 04, 2006

fome

verbo vivo oco,
de dentro do seu olho,
grita passos e quimeras.
sem carboidratos,
clamotivações.

terça-feira, outubro 03, 2006

esqueça

eu achei talvez que o erro fosse meu e assim de qualquer maneira poderia diluir-me algo circundante da noção de eu além de páginas e páginas tudo que põe-se pra dentro - e pra fora além dos olhos nos olhos e o que mais pode significar a solidão alimento-me de mim então os ossos reclamam e se leio os jornais já nem tenho (pra quem) dizer eu te amo tem um pouco de vazio em quase tudo toda mulher é também um pouco de dor e se desisto de tudo por um instante e se toda verdade arde e vira pó em um instante ainda posso mudar de idéia mastigo o que resta depois a liberdade do nada ausência de projetos de modelos da idéia esqueça-me da poética contrua teu próprio niilismo não venha me achando as coisas bonitas se perca não saiba mais a noite até que anoiteça não cabendo mais no peito.

segunda-feira, outubro 02, 2006

fibrax

os franceses são uns idiotas,
eles acham que os solteiros são celibatários.

domingo, outubro 01, 2006

nhoque

divido-me nos pedaços que você fez de mim,
metades absurdas e tímidas,
ora prefiro o não, ora prefiro o fim.

maltratam-me os meios carinhos,
a frieza úmida da noite,
e essa atravessada saudade.

busca incessante
se inexistem razões
metafísicas ou conscientes.

em mim tua ausência
arde como
não há liberdade - sua presença.

sexta-feira, setembro 29, 2006

peter pan

acordei mais fraca que eu, as escadas subi, e me perdi no caminho. procurei qualquer carinho que houvesse, consolo pra solidão. minutos de criança afogueada, procurando ombros pra secar as lágrimas.

escorpião

as vezes eu invento a dor pra não sentir a dor. e sinto - é assim que posso me esconder atrás do meu silêncio.
o meu silêncio é uma terra fantástica, eu invento a solidão num copo de uísque, e não tenho medo das minhas criaturas incríveis. silêncio faz sentido. olho mudo pra fora, é como se o mundo não existisse dentro de mim.

quinta-feira, setembro 28, 2006

samba

dia quente de domingo,
vestido de organdi amarelo,
banhada e asseada,
na sua varanda.

o rapaz vem todo lindo,
tocava violoncelo,
margarida na lapela,
esqueçe o dia, e anda.

os dois seguem seu samba,
calado e receoso,
enquanto ele pensa, ela canta.

mas de noite quando dormem os pombos,
ela sonha com eles e ele sonha acordado,
com muito cuidado pra não acordar os vizinhos.

quarta-feira, setembro 27, 2006

ímpar

nada é igual
singular soma mais um
só assim
natural.
ainda
prefiro a vida de par
em par.

sugestão

erros todos
equívocos azedos
se marcam
sem hora marcada.

segunda-feira, setembro 25, 2006

erosão

resigno aos acordos unilaterais,
apesar de tudo cedo aos ímpetos.
acordo cedo,
as primeiras luzes da manhã
são certas.
agarro sua mão com toda a força
e dor que tive,
(luz inevitável).
desenho a parede com resquícios,
os medos,
e além do nada que me resta,
a rejeição, profunda e branca.

sábado, setembro 23, 2006

infância'

sempre tive medo daqueles caras que gostavam de sexo drogas e rock'n roll,
tão cabeludos e safados,
infernos de bitucas de cigarro,
putas loiras, cintas ligas, e guitarras.
não tive outro jeito de lidar com a coisa,
senão gostar também.

sexta-feira, setembro 22, 2006

leãozinho

a chamei de super-homem (quiçá nem conhecia nietzsche),
respondeu-me que eu era - superficial.

escancarado

foi por medo de parar o coração que nada fiz,
digo que o erro é ingênuo.
o tango,
e os casais,
eram a vida
em homenagem.

control freak

achei num buraco fundo o meu não amor,
que assim pude te amar pela primeira vez.

segunda-feira, setembro 18, 2006

um beijinho e um tapa

"sempre me surpreendo quando te leio, eu acho que você escreve bastante bem, coisas inteligentes e profundas. não entendo depois quando te vejo na rua, olhando pro nada, por mais tempo que o esperado.."

circular teu infinito

fantástico como vai me matando aos poucos,
pequenos avisos,
surpresas de raspão.
inverso ao carinho,
ao desejo, ao calor.

tudo pra desvirtuar o sentimento,
de baldes de idealizações
pra uma poçinha de nojo.

domingo, setembro 17, 2006

do mar

ela é tão linda, que eu às vezes até digo pra ela entre o gole no café e os instantes em que não tiro os olhos na hora de ir embora se eu não abraça-la forte morro um pouco.

quinta-feira, setembro 14, 2006

mata-me de rir

foi descobrindo sozinha as pernas e perdas a noite que me emocionei.

sintomático

não é a melancolia que faz mal,
se ela decidisse simplesmente ser estaria tudo bem.
mas há ainda a esperança de que ela passe,
e então é insuportável.

é algo ligeiramente puro, ainda,
que impede o niilismo completo.
esperar ansiosamente algo que nem nome tem,
sequer forma.
queria saber o nada como um todo,
pois se não todos os dias serão fugas.

brio

seria absurdo se permitir o abandono e a mediocridade nessa vida em que nascer do sol na varanda é tentar quebrar a superfície com uma colher assim como vejo passarinhos acordando desconexos com os prédios porque fecho os olhos e tenho vida em mim tenho vontade de putrefazer-me o dia nessa esperança que me corroi.

terça-feira, setembro 12, 2006

flashback

é mais fácil romper a camada superficial da noite em alta velocidade.
é mentalizar o momento em que devolvia os filmes de fellini logo atrás da trançinha por baixo da lã azul claro.
(o jeito cândido como fingia não percebe-la, por vergonha ou pudor).
aquelas janelas perigosas do segunda andar, em que da mesma maneira ria e desviava o olhar, sabendo no fundo, mesmo assim, de tudo.
- costurando túneis, acabou só, e pálida.
como a flor em sua mão, esquecida há horas.

domingo, setembro 10, 2006

carne de sol

queria sair à tona
o ócio virar procura
queria leva-las todas
as palavras à loucura.
se soubesse sabe-las a samba
soma de carne com mulata
viraria só batuque.
se do nada fizesse susto
quem sabe depois de uma cachaça
não houvesse mais
nem tino nem dor
e nem sarro.

encostado na cadeira velho e maltratado
o tal sorriso demente.

tosse

quando o acupulturista apertou meus pulsos
e disse
são os pulmões e o fígado
estava tudo muito claro.
ainda bem que
(eles ensinam lá na escola)
é tudo psicológico.

sábado, setembro 09, 2006

bertioga

em cima da mesa uma noite densa que era dia, fazia do caminho sob o som seco, caminho reto de lama e sangue, fumando cigarros acesos ao acaso, próprio. lua inteira, quase sol, coisas sempre acontecem - nunca visíveis. Agora me debruço no marulhar, assim como o verde, pensar no joyce, no vinho, e pouco importar. difícil as amarras do pensamento, somos isto, e isto quer mais saber apenas do que sabe. concedo-me aos vícios, endureço meus mamilos, e da verdade não sei nada. os passos nunca cessam, mas os olhos tem aptidão para os angulos - só para que possam saber dos erros, as perdas entre os passos. ainda estar aqui é fato. Mãe, você acha que eu sou superficial? ela achava que não, eu também achava que não, mas quiçá.. quiçá... Dentro de mim sinto algo, farei da tarde algo imenso, terei compaixão, amassada nos cigarros e no vinho roubado. e escutarei elis regina.

réquiem

das coisas que lembro algumas tem a luz do sol,
ele, magro, mais os cigarros.
eu, ao seu lado,
mais as cervejas.

uma manhã nua,
acordando no espelho,
e ele acordando meu pescoço,
nós dois um quadro nu.

feitos de desesperos e dores,
percebidas tarde demais,
de perdas e ganhos.

vai cada um pra um canto,
desfalecendo num canto,
cheios de desilusão.

sexta-feira, setembro 08, 2006

desencontro

- tudo bem? - passara o dia preocupada, com a voz fria do outro lado do amontoado de fios. a menina olhou pros lados, numa resposta calada.
- o que que há? - queria olhar nos seus olhos.
- vai ver não é nada.- e andou para o outro lado.

no resto da noite não parecia tão triste, levemente só talvez, e não olhei em seus olhos sequer uma vez.
talvez suas atitudes patéticas a afastaram tanto assim, talvez suas mãos e seus olhos cedentos nada adiantariam vez alguma, talvez todo o carinho tenha se desvanecido assim, não mais que de repente.

meu

quarta feira de cinzas acordou com o dia entrando pelas vértebras. sutiã perdido, carteira perdida, e algo mais. olhou para o espelho despenteada, nua. apreciava esses momentos da manhã que a luz batia em suas curvas. uma mulher tem sempre suas dores. passou a mão por sua brancura, segurou os seios no ar, num deles com tinta indelével havia escrito no dia anterior - idiota - cada vez mais idiota.
entrou no banho e os pingos a batucaram o chão, essas horas são como tambores africanos, tum, tum, hipnóticos. azulejos brancos, a luz da manhã. - sabe, todo mundo sempre acha uma porrada de gente idiota, mas quase ninguém se acha idiota, menos quando tá com depressão. cadê esses caras então? vai ver sou eu, seguindo a teoria das probabilidades é bem possível. - mas não, sabia que não era idiota, dessa vez não com toda a certeza, mas 3/4 dela garantida. foi imbecil, isso é claro, mas nada definitivo.

quinta-feira, setembro 07, 2006

só companhia

contar os andares através do pequeno buraco do elevador o acalmava - não gostava de lugares fechados. em 52 segundos ansiosos pisou o chão seguro já esquecido de tudo o que era até ali, (afinal das contas não era caramujo nem nada). alcançou a rua com seu passo firme, o vento mexendo seu cabelo, tentando leva-lo de volta pra casa, os carros tentando cindir seu caminho - os homens e as mulheres do caminho.
tinha algum tipo de liberdade barata em andar só por essas ruas conhecidas, algo de fantástico na anonimidade de um olhar de soslaio pras bundas nas bancas de jornal. assim construía seus personagens, limpando maças na lapela, acendendo cigarros operários na contramão. de banderas almodovariano à orfão parisiense num quarteirão.
saiu dos seus sonhos como quem acorda, ao ver ao longe o vislumbre da menina. ainda contava os segundos para que ela o reconheçesse, os instantes em que ela ainda era ela mesma.

liberdade das coisas

calculo pro todo um denominador,
dentro de cada coisa,
ao passo das transcendências possíveis,
há a liberdade (de si).
para a dor, há a cura,
(branco, preto, e cinza)
pro vazio, a loucura.
se trata da liberdade das coisas,
todas elas tem a sua,
(é só olhar fundo o bastante).
todo instante tem em si,
o completo em potencial.

segunda-feira, setembro 04, 2006

quase

lá vou me embora outra vez,
exagerar a esquizofrenia pra fingir a desilusão.
o vento cortanto a cara fica mais fácil chorar,
e meu corpo que repugna tanto álcool,
que morre de sede,
e por dentro se contrai,
achando que amargura é pecado.

domingo, setembro 03, 2006

minduim

cinquenta e seis passos de felicidade,
atravessando o supermercado,
amigo antigo, de barba e responsabilidade.
não nos conheçemos,
nem as esquinas traçadas nos últimos tempos,
mesmo que saibamos beber umas cervejas em silêncio.

cheio de chaves balançando nos bolsos,
junto com as moedas.
as idéias nem tantas,
mas pra isso ninguém mais tem tempo.

nostalgia de chá da tarde,
em plena madrugada.

claustro

nada supera o entorpecimento de um werther pós moderno.

delimitado

tô fingindo que isso é calda de chocolate,
só porque eu não consigo sublimar de outras maneiras.

sexta-feira, setembro 01, 2006

de noite na cama

era noite ou a luz que entrava se filtrava em mim, me alimentava de ar, deitada e só, acordada te via. trazia a tona todos os absurdos usados pra justificar a vaidade rota. roubando seus segredos guardados tão seguros, aliás, não era outra coisa que fazia durante o resto do dia. passava-os roubando segredos transparecidos nos rodapés. assim, construía teu perfil, do nariz, o cabelo.. pensava em quiçá tacar um beijo, aninhar nos braços.. acabava no frio te observando, a poesia é martirizante mesmo. acho que é porque o mundo gira muito rápido, que tudo muda assim. d'eu te ver e me ver tão maior. e mesmo assim não consiguir estancar o meu carinho escorrendo em vasos dilatados sob pressão. nos ouvidos e poros, esse carinho infinito.

quinta-feira, agosto 31, 2006

barroco mineiro

desde sempre o delírio do comportamental, a ver, seu vestido não se mexe no vento, antes de tudo nem sequer vestido está. menina molhada de chuva, jogos e medos, falsos, o que motiva é inconsciente. cadê meu estado de graça, consciente do inconsciente? pra ninguém botar defeito vou bem só, se música e bebida houver. cruza a temporada da minha solidão.

quarta-feira, agosto 30, 2006

dois nacos de algodão

se você não abrir as pernas muito será mais interessante, isso, a calça antes dos joelhos, nem que queira baby. (nem que queira baby).
duas nádegas durinhas,
o desprezo de um cigarro na varanda.
me despojo da amargura pra comer seu cu.
(como os russos, pura pulsão).
falo em porcos e penso na minha mãe.
os valores morais perdi no vietnã.

domingo, agosto 27, 2006

som do vento

- sentei-me na varanda, eu, o cão castanho, e o velho sussurro da morte-

de certa maneira outra
corpo frio de febre
à flor das flores
chamei
em vão
minha
poesia
mono
sílaba
uísque na mão.

espiral

tudo é meio do caminho,
não quero estar em parte alguma,
(metonímia).
nem lembranças,
e limites.
talvez se fosse temporário,
então seria fácil.

solidão absoluta.

sábado, agosto 26, 2006

chamá-la ei de flor amarela

de olhos fechados, lânguida, nunca tão linda, dizia-me da falta de pureza absoluta.
enquanto a comia com os olhos, enquanto consumia-a em labaredas insanas de lúxuria nada cândidas. soube que enfim, esse ser do pó, da lama, do desejo puro e mal carpido, da guerra, da fome, e do vício, esse ser da morte, não é nada além de puro, como puro são seus erros.

e nunca me esquecerei

terça-feira, agosto 22, 2006

as prostitutas e eu

subindo a augusta de bicicleta,
- você quer comer a minha batatinha?
- puxa vida, só vou comer a sua batatinha..........
- então engole em dez minutos que eu te dou uma carona..
- cê me ajuda a engolir?

só desilusão

e já tudo começa mal demais, sei bem como são esses dias que eu não me lembro de nada. não me lembro como acordo, como durmo e quando sonho. desde de manhã vai crescendo um monstro na barriga, as mãos ficam inquietas, as coxas. se contabilizam as pulsões, se sublima a raiva e o medo. ao meio dia é insuportável, visualizo cortes, muitos cortes, pelo corpo inteiro, continuo andando ajeitando a vida, e o sangue escorrendo cândido pela barra das calças, me espalhando por aí. vejo todas as aulas, e o sangue saindo por todos os buracos, são tiros de cowboys, frases de poetas, e continuo andando, sou milagre, e vivo. fecho os olhos na mesa do bar, rio, rio de luxúria, como nunca ri antes. morro, morro, mas não corro, e não fujo. mas fujo? sei que fujo. e então?

segunda-feira, agosto 21, 2006

dias + dias são meses que ninguém viu

não chore sobre o leite derramado,
que o açucar não anula os danos do sal.

controle sua amargura rapaz,
ela não é nada pra ninguém,
nem matéria literária,
de um texto sem autor.

zero não é vazio

estou doente, e não tenho medo. pedras no rim, lágrimas duras, copo d'agua, pra tudo cessa sede. se soma tudo o que não se nega.

psicosomático,
doente da civilização,
deito no silêncio pra curar as chagas.

ledo engano,
não é o corpo que não acompanha a passionalidade,
é a alma que não acompanha mais nada.

(deito no silêncio como orvalho, deixo derreter como rio, a pele.)

sou pouco sem contar o infinito,
mas ainda sigo,
quando tudo é impossível.

sexta-feira, agosto 18, 2006

batata

acordou com a mão dentro da calça, com a outra procurou o cigarro. adorava acordar canalhinha com sua jeans surrada,
tragava o fumo, e olhava o quadradro branco da janela,
qualquer um acreditaria ver james dean.
a menina ainda dormia, pesado e sem a menor elegância.
olhando a figura opaca através da fumaça pensava
"há dois tipos de garota,
as que perdem a graça quando dormem,
e as outras."
somos todos grandes filósofos.,
principalmente pela manhã.
mas não importava,
ele nunca se relacionava com garotas,
ele simplesmente duelava com seus próprios conflitos,
a frieza, as prisões, as distâncias,
antes de tudo o amor,
eram uma forma de garantir a maldição.
antes que ela acordasse partiu para rua,
seu jeans, seus olhos, o chão, a fumaça, o café,
manifestações da massa putrefata.
sua juventude tinha vida útil,
do último café até a próxima úlcera.
perdido em pensamentos niilistas e ordinários,
como bem desejava sua poesia maldita,
fechou sua braguilha aberta.

quinta-feira, agosto 17, 2006

baiacu

nove da manhã e recolho os meus destroços,
nada melhor do que um solzinho nas ventas pra matar os micróbios.
no outro banco do pátio escuto sonzinhos mortos de bocas,
beijinho, beijinho, olho pra menina,
ela num consultório médico,
33...
33..
beijinho.....
que horror essas meninas de hoje em dia,
pede pra vovó botar viagra no canjão.

outros passos, seguro minha ânsia pra dentro da calça,
dois meninos discutem a racionalidade e o comunismo,
deus ateu, me salve desses reacionários..

blasê... blasê.. pois não? como não!

terça-feira, agosto 15, 2006

batuta

narciso nunca descansa,
de tudo somos um tanto,
nos olhos-espelhos que temos.

sou também o leão do mágico de oz,
e preciso de coragem.

se tivesse alguma,
investiria no bovespa.

domingo, agosto 13, 2006

cérebro eletrônico

as mãos estão frias,
vejo nos olhos que mudam de direção,
na boca que se sacia e murcha.
os ossos estão duros,
a carne putrefata,
e a solidão imensa.

a noite engole os vícios,
e te deixa caminhar sozinha,
nunca foi tão claro.
ninguém vai conseguir te alcançar.

sexta-feira, agosto 11, 2006

deltas de vênus

não, não quero seu casaco,
não, não quero seu amor.
a maior homenagem é o silêncio,
testemunhando cada um.

de que valem sonhos e copos de cerveja?
se você não sabe como todo dia eu canto no banheiro,
os trantornos bipolares, os vícios de linguagem,
as cicatrizes.

descubra minhas pintas,
descontrua meu passado.
e aí sim,
terá verdade no que eu digo.

quinta-feira, agosto 10, 2006

nevasca

toda gelo, pra rimar com cocaína,
de vestido verde,
e trançinha.

passava na minha frente no bar,
todas as vezes necessárias,
pra ainda me deixar longe.

eu sei que eu sou uma criança,
me contentava em ver suas costas,
e seu homem do outro lado da mesa.

ína, da heroína,
seus olhos pedrinhas,
não consigo proferir palavras em sua presença.

queria um dia,
dar um teco
da tua frieza.

queria um dia,
quando largar mão do barbicha,
que sejas minha farinha.

segunda-feira, agosto 07, 2006

eu não lembro

domingo, agosto 06, 2006

razão

ninguém nunca vai saber que dúvidas fazem a mulher neurótica com pílulas e cigarros convulsos e uma bolsa cheia de coisas que ela empilha uma por uma procurando a garrafinha de scotch. nenhuma mulher nunca vai entender suas próprias costas e a silhueta fantástica a não ser no ardor de mãos fortes e nos brilhos de outros olhos. quem saberá um dia se é melhor viver pelo desvirtuado hedonismo ou seguindo como um tonto essa tal de ética? e antes de tudo, quem poderá equacionar o amor e suas possibilidades? não ouso tentar amparar o mundo nos braços, se o que sei é apenas uma miragem.

a menininha e os lobos

passo o dia buscando razões que me justifiquem,
mas é mais fácil postar no horizonte.
pra nunca mais me sentir vazia,
eu finjo,
que nunca terei o que espero.
tão mais leve fingir que sentir,
sentir marca, pesa, e... desaparece.
faço-me de espectro então,
plenamente nada,
porque tenho medo.
(tenho tanto, que até com o medo me assusto).
não sei,
só sei que preciso de uns braços, e umas pernas,
ao menos uma mão que me ajude,
a descobrir essas pedras do caminho.

sábado, agosto 05, 2006

morning

quando você decide corroer seus orgãos,
destruir o super-ego,
e se transformar numa massa porosa do etílico,
nada melhor que uma coca-cola.

quarta-feira, agosto 02, 2006

vermelho

descia do ônibus,
mostrava os peitos,
e dá-lhe pão com requeijão.

terça-feira, agosto 01, 2006

aeroporto

a realidade jamais ultrapassa os mais baixos níveis da mediocridade,
é dura e sua feiura não é nada encantadora.
assim, não me aparece melhor alternativa do que sentar e escrever
- lotar de adjetivos essa tal de civilização,
vira-la de lado, de baixo, de todos os ângulos sórdidos.
ir perseguindo como uma miragem os melindrosos instantes do conjunto, numa tentativa ensandecida de torná-la encantadora.-
talvez só tente resguardar a repugnância,
que tenho ao mundo,
como veio ao mundo.
talvez a poesia seja só uma esperança,
de que a poesia realmente exista.

pela janela

imagino
que em algum lugar entre a escuridão e a escuridão,
esteja o horizonte.
mas no que penso...
tenho certeza.
(tenho a lógica dos poetas)

afinal,
estrelas não são nem de mercúrio, nem de sódio.

sexta-feira, julho 21, 2006

ilusões

é de se esperar que o agora seja pleno.
foi um crime premeditado,
e já não sou réu primário.

equações são assim,
perfeitas e dedutíveis,
é só por um pouco de vinho.

depois olhe para o lado,
e vai passar a vida,
e mais uma vez você não percebeu,
confundiu como um tolo,
as entrelinhas com o contexto.

veloso

ele estava sentado manso a meu lado, dizendo as maiores baboseiras, mas com pura poesia. viajou na minha blusa, disse parecer miró, falou das coisas mundanas e de seus planos, de suas viagens, de suas dores. o dia passou quieto, e eu chorei sozinha e perdida na esquina. ele chegou mais uma vez manso, ajoelhou-se do meu lado, pegou nas minhas mãos, e olhou nos meus olhos embriagados de calor. falou suas coisas calmas, e citou agora as minhas dores, serviu-se de cerveja, e eu o amei assim.
entre um gole e outro, vendo atráves da lágrima e do gosto, nos livros que dizia e nos países que visitara. amei-o enfim, por um dia, e bastara.

quinta-feira, julho 20, 2006

de(fin)itivo

(gosto de verbos sucedidos a palavras fortes,
.do som que faz o som da luz.)

-dentro de alguns anos não lembrarei de você-
foi o que disse.
mas não se sinta culpada.
pode ser só o meu vício.

disse e saí andando, sob os olhos as conhecidas negruras. uma espécie de graxa que ataca como sinusite, te faz ver o mundo com dor. contei os passos, 627 deles. e então pinga morte desolação. e uma mesa quebrada.

restou-me o gorfo, e a bronca do tfp. o mundo e suas paredes de aço.
meus dentes estão amarelos, tenho olheiras na pele pálida.
nada é real por aqui. não sinto as coisas reais. só as metafísicas.
um sufoco.

(comida macrobiótica, índia, injetar penicilina, ter filhos quiçá.)

e ele disse para os esquecer.
ingênuo.

quinta-feira, julho 13, 2006

tarja preta

você fuma seus cigarros convulsionadamente durante o dia,
declama neruda, discute rimbaud,
e me parece tão pouco.

antes eu tava encantada,
e queria dizer das coisas que via,
e escrever, pensar mil coisas.

mas foi apodrecendo,
de dentro pra fora,
uma coisa meio idiota,
acabei só vendo hipocrisia e miséria do lado de dentro das coisas.

e as coisas encantadoras,
que me faziam sorrir de graça,
essas perdi no meio do caminho.

panis et circenses

o espetáculo começou tão logo saí do elevador. os poros invadidos por aquela música clássica altíssima. era estonteante, tanto, que pra decifrar esses sinais demorei um certo tempo, "um vizinho ensaiando violino", cheguei a pensar no segundo que passou. é claro que seria constante a hiperbole, dois passos adiante a porta semi aberta num convite nu - já abria um sorriso de orelha à orelha. como um estrangeiro acima do peso passava pelas roupas jogadas ao chão, e os violinos a me martelar os passos, as roupas e os maltratos. um lustre de mil peças de cristais, estatelado em cima da mesa. entro na cozinha. seios. é tudo o que vejo. seios. e então o resto do panorama vai se acostumando, rostos, vejo seios, digo, rostos. três na mesa. o primeiro é o famoso intelectualóide, com sua fala mansa, e os milhares de livros lidos (e as milhares de freakies comidas). o outro é um viado, lindo como o primeiro, o cabelo preto cintilando na luz da tarde, o meio dedo que falta, e logo abaixo o graaande anel dourado cafetão dos anos 70. e finalmente a dona dos seios, linda também (que originalidade hein), a axila mal feita, e o colar de pérolas. -persisto nessa pobre descrição estilo neo eça de queiroz, por isso, minhas desculpas.- sobre a mesa ovas laranjas de peixe, e café. emblemático. é uma maravilha.

quarta-feira, julho 12, 2006

eu-lírico, cidadão do mundo

meditação, heroína,
meu nirvana encarnado não se encontra tão longe.

me lembro da meninice, um velho careca magro e funcionário público,
atrás de uns livros que chamavam "para gostar de ler".
pra mim, no máximo, ele preenchia formulários,
mas aquele homem, meu deus, dizia coisas tão belas, e tão próprias.

quando o leio percebo, toda santa vez, que quem escreve não é o careca velho, não tem nariz, nem sequer boca (por mais que as vezes afirme o contrário).
sabe, escrever é a transcendência absoluta.

domingo, julho 09, 2006

hipocrisia

- e aí, o que você tá fazendo da vida?
- psicologia.. letras.. cinema... tanto faz..
(não aguento mais essa pergunta)
- é?..
- é...
(cara de brava pro cara ir embora)
- então... mas tanto faz?
- tanto faz..
(você ainda não entendeu, narigudo?)
- e porque?
- porque eu amo o gênero humano

turquesa não é verde

- foi assim que eu aprendi a comprar absinto de qualidade.-



textos correlatos: http://marromaocontrario.blogspot.com/2006/07/turquesa-no-verde_09.html

http://2serelepes.blogspot.com/2006_07_01_2serelepes_archive.html

obs: no ultimo link é o ultimo texto, e sim, eu sou uma merda com truques tecnológicos.

sexta-feira, julho 07, 2006

as palavras

aparentemente são de fácil manejo, com sentido instruído por dicionário.
se somadas, além de símbolos, são imagens. às vezes formam poemas de namorados, (e então é difícil entender a relação entre o contraste no papel, e uma vertente de lágrimas), tratados de direito, ou receitas de cozinha. são, antes de tudo, isso: o breu no absoluto do vazio.

peculiar

alguns poemas saiem numa mijada.

quinta-feira, julho 06, 2006

blasê

as mãos que eu não pus na sua coxa,
pois não te chamei pra dançar.
o meio beijo que eu não te dei,
mesmo não faltando gim.

meio vazio, meio cheio,
prefiro meu dia assim.

te gosto só pra mim,
não é pra você não.
no ar do pulmão,
pro sangue,
escarrado na noite fria.

sangue escuro, fogo fátuo,
não é amor, não é carinho,
antes de tudo,
é ócio demais.

terça-feira, julho 04, 2006

blocos de lego

quando eu era pequena, era bailarina sem saber.
flutuava no piso aqui de casa.

era flautista auto-didata,
espalhando melodia sem dizer nada.

antes de tudo girava,
através dos nomes, e das datas,
respirando liberdade,
meu carinho costumava ser de graça.

segunda-feira, julho 03, 2006

nelsinho da cor do verão

entre a barbicha e o all-star,
meio intelectuais-meio de esquerda,
a juventude trans-viada.

põe o menino na cadeira do cinema,
escuta uma salsa francesa.

logo se acotovela nas filas da falocracia,
coloca um laço na cabeça, e sai dançando na augusta.
enche a cara de mortadela, e vai velar os mortos na consolação.

tá apaixonado, mas só sente tesão,
com um salsichão.

assim que é bom,
assim é cool,
com o cu na mão.

terça-feira, junho 27, 2006

ondas alpha

todos os segundos escorrendo pela memória, não os sei - eles não me sabem. esses instantes todos construídos na solidão absoluta de todo homem, não me parecem nem exatos, nem reais. deles, os que se salvam, são muito poucos. como andar na praia até amanhecer comentando infâncias nunca antes trazidas a esse meio fio de vida (esquecidas nos cantos obscuros da memória). surreal como o resto, no entanto, tenho uma certa impressão de que por vagos momentos, a alma não era só minha, e sim, podia ser dividida. digo isso pois o decorei, sei de cor o instante, mas ele não existe. - existiu? - possível, mas já não há mais provas concretas. pura ilusão toda idéia de construção, afetam-me apenas a influência espectral dos instantes somados, mas reduzidos ao passado. dos amores que tive ou não tive, das amizades: sombras e marcas d'água. só o é em um instante, na possibilidade do presente (pois ele também não existe). vagas construções, as sensações são a única prova de que há vida. sinto o instante no prazer. no instante sinto prazer, nem antes, nem depois, apenas no vislumbre do segundo.

domingo, junho 25, 2006

índice

tenho uma loucura,
faço minhas próprias regras.

sozinha num mundo à parte (?)

ou eles, fora desse meu mundo,
é que estão loucos?

sábado, junho 24, 2006

cara ahhh anets sério eu adoro voce´, bem piegas idiota, sem grandes inspiraçoes... vc merece mais neh? vc sabe?...
amo vc bixo, seja sempre...annets! (vc acaba de ganhar de ser denominada um adjetivo! fora seus outros significados: contadora honoravel de piadas muito-boas, judia mais gostosa do universo, loira dos cachinhus dourados, jogadora de poquer, dançarina profissional...)
amo vc nets!
a.k.a: japa mais gostosa do recinto.

hoje tava afim de ser romantiquinha

meu sentido tá na sua atenção

terça-feira, junho 20, 2006

alienação

(girava, girava, gritava, anseava, a lágrima, o suor, e o desejo. e gritava de desejo, e ardia.) - mas nisso não preste muita atenção.

paredes que continham as neuroses, os limites a criar a civilização, matar um velho desespero humano.
dentro do quarto ardia incessante a vida, ausente da vida.

dias que passam brancos, salvam-se os mínimos instantes,
de coisas que podem ser sentidas,
com o âmago.

nem o amor se salva,
esse que se inventa.

nem o frio, nem a dor, nem o poeta,
no fim já não há mais o que se salva,
o que resta de profano e puro,
fora teu sexo e sangue,
e tinjo-me de tinto,
e deliro,
acabo com a angústia da dúvida,
que é a única coisa que me resta.

segunda-feira, junho 19, 2006

esquizofrenia.

parece que eu tenho que começar tudo de novo,
descobrir traquejo por traquejo as manhãs do mundo.
as palavras, certas, nas horas certas.

desaprendi,
dentro de mim,
foi tilt,
melhor, afinal das contas,
sempre quis demolir meus muros.

meus olhos brilham com a novidade,
do antigo desconhecimento.

tenho que começar do príncipio,
do que são as coisas,
e seus lugares.

escapar da desconstrução absoluta,
do esquecimento.

eu posso criar um mundo.

terça-feira, junho 13, 2006

sapeca

preciso suplantar uma tal de eloquência pedante.


(hihihihihi)

domingo, junho 11, 2006

o cimo do outeiro

o som seco dos meus passos,
as consequências tolas dos meus atos.

desequilíbro,
os sonhos e delírios estreitos durante o dia.
ímpetos barrocos,
da hipérbole vazia e inata.

o riso e a utopia,
o sucesso e a discordia,
príncipios da realidade,
não desse outro mundo que me invade.
ébrio sem beber, esquizofrênico,
perverso até seu fim,
privado.

das vezes que acordar não é mais abrir os olhos,
quando não se tem mais medo,
dos mistérios além da curva.

sábado, junho 10, 2006

sono

a neurose que sufoca tão pesado as palavras, deixa implícito um lusco fusco, um ritmo indenifinido. o contrário de nada é nada, pois é, o contrário do previsível é o previsível, e quando não é,
é definitivamente mais inteligente que você. pequenos momentos de satisfação, é insuportável pensar que não estou a procura da satisfação eterna. insuportável.
hoje, saí do bar e queria só um sexuzinho, um nada de nada, mesmo que amizade, pra deslocar esses músculos da plataforma
que se estranharam.
como na sinuca, as palavras seguem brotando. quiçá o samba, quiçá a maratona. ainda a inquietação entre as coxas. dou te um belo de um foda-se, e um cheiro de eu e ti pairando no ar. quero sim, sim, quero sim. não gosto não do começo do lusco fusco, nem do meio, nem do fim. ainda tô aprendendo. é sim. meia garrada de uísque. mil xerox. e eu só preciso de uma pitadinha de carinho.

quarta-feira, junho 07, 2006

o que adianta?

queria escrever aqui com palavras de sangue do ódio da minha neurose. tento apenas ser o melhor de mim, tentanto não soar antagônico. e àqueles todos que me criticam seriamente chamo-os de alma pequena. volto pra casa a pé. passo ante passo testo minha força. na rua, como uma lunática, proclamo um discurso inflamado e egocentrico. passo ante passo sinto dor. marasmo de carência. nojenta, porque não foi pra casa mais cedo? ecoa na minha mente. ecoam as aulas da semana, os descrentes que aqui leram palavras tão baratas. ecoa que sou tão barata. só destoa o amor, que não existe. o alcool, a dor, a cumplicidade. palavras sem vontade. de ninguém pra ninguém.

terça-feira, junho 06, 2006

aniversário

como presente,
te serei um poema.

segunda-feira, junho 05, 2006

utopia

eu quero que todos eles me deixam em paz.
para de falar comigo.
me dá dinheiro e paz.

eu quero só música e vinho na luminosidade certa.
e algumas vezes umas escravas brancas pra me entreter.

alcolismo

a cidade é tão grande,
tantas festas.
muito dionísio,

os dedos se sujando mais com subverção do que com jornal.
acho ótimo,

tantos universos.

que não consigo parar de beber.

fico encantada, caindo rua por rua,
pelas mulherzinhas de sampa,
e pouco me importa,

o sentido como verdade.

esquema:


vinho e olhos azuis
cerveja e fitinha no pescoço,
dreher e cocaína.

pouco tanto importa.

segunda-feira, maio 29, 2006

medo

acho que a loucura é uma solidão muito longa,
é se alimentar de si e só de si,
é uma ordem própria.
leis próprias.
uma solidão muito longa é como um abraço,
de si pra si.
é quando pensar é ir numa loja de doce.

solidão

Em todo lugar a obviedade, as mesmas imagens telúricas como espelho, o mesmo tempo cronológico. Aqui ou lá, as mesmas paixões, e a mesma fome. Limites tão próximos. As possibilidades perdidas, impossibilidade de compreensão por esse cerebrozinho catequizado, enquanto sob o fluxo da teia, o é ocorre. Atrás dos preâmbulos da linguagem, como uma matrix selvagem. Infinitum de possibilidades. Enfim, seria passível de entendimento, se possível síntese de um uno da dialética, o infinito no é. Como perseguição em alta velocidade, manoel de barros, desconstruindo e embalando poesia, cara de sábio junkie. Não existe tempo, a angústia é palpável, nunca a vi, isso é fato, no entanto tem músculos sim. Inverso, os frutos desgraçados não existem, e o que existe é só o poder de coesão. Estamos combinados?

domingo, maio 28, 2006

ressaca

cabelo furta cor no ralo do banheiro,
pra construir dadaísmo sublimando os recalques.
o erro é linguagem, não pecado.
como joão e maria, mas ao invés de pedaços de pão,
é pequenos pedaços de significado.
sublimo também de bruços nos...
espíritos da levedura.
dói osso. cérebro frouxo.
bem estar freudiano.

sábado, maio 27, 2006

efeito rebanho

é preciso escovar os dentes, despojar com água todas as sombras do outro dia. corrigir as marcas formidáveis dos erros cometidos de propósito. quando se entorpece. as marcas no corpo, os filhos feitos, a lama no chão, os riscos e os danos. é preciso instaurar uma nova ordem, com palavras novas, sufocar-se nos dias raros. tomando muito cuidado pra não errar, como um bis malfeito. pra errar é preciso errar feio.
a platéia deixa aos poucos a fila do gargalo, os gritos, as cenas. vão ordinários, tomar sua água no intervalo, cuidado para não tropeçar nos próprios pés. vão, vazios, e voltem ocos. vão odiáveis, e voltem toscos. idiotas, sempre.


mais idiota sou eu.

sexta-feira, maio 26, 2006

vala comum

Não podia ver a cena completamente, ao menos, não com os olhos. Sentia na nuca, e com a ajuda do espelho, para imaginar como as silhuetas sugerem. Não era bem assim, pois suas imagens eram como as de cego, mas o recorte da boca feminina contra a palidez quase romântica seriam inevitáveis. Mas as mãos sentiam algo ligeiramente antagônico, a linha do queixo, a pele.. o ombro? Com certeza não era claro, mas ainda assim.. mais atraente. Era preciso muita segurança. Aos poucos, no escuro era mais claro, roçava, a barba? sim: uma barba na outra. Roçava, transcendendo os lábios, uma promoção para seu cargo. E depois era tudo quase doído, um tesão de violência, de se apertar, e gemer, e lamber, nesse meio fio.. Eram equilibristas, de um lado um abismo de dor, e do outro, prazer.
Uma corda bamba inata, mas sem arrependimentos.

quinta-feira, maio 25, 2006

patologia

não sei dizer não
tudo aquilo que não digo, que digo que digo, e que não falo, esqueço, pelo avesso, das palavras, de antemão. não sei dizer não. não antecipo o grito maldito, não faço do fruto, discórdia, sei meu nome, e de cor, o arrepio. sigo. não sei dizer não. se prepare, se for pra pedires favores, se for pra ir junto, até o fim do resto do mundo.

palavras, poéticas, ensimesmadas, cantadas, colhidas, por um negro velho e sua bateria. antecipe então o meu ritmo, cada sílaba é uma flor, cada flor é um amor, cada fim é uma solidão só. aquela menina, canta pra se esquecer, suas palavras são o cobertor, ela só não quer mais sofrer. é melhor fingir que música, e seguir. eu sou o casco, e você o surdo, se partir do ponto de que ninguém vai entender, todo caolho é lucro. o outro lá, mimeticamente, embaixo da ponte, as palavras, pra ele, são comida. com as mãos ele as ajuda, as molda, e as poetiza. com a mão ele as ama. a poesia alimenta.

ainda tem tudo que travestido,
atrás das construções que são também sorrisos.
eu só sei dizer então, eu só sei dizer as coisas,
que por sua vez também me dizem,

coloco-as no colo.
sei dizer que são todas minhas,
sei faze-las minhas filhas, sei então, como mãe,
corrigir-lhes a poesia,
que erra como água,
e se estrepa fluxo constante.

como dói, patologia,
eu ainda,
não sei dizer não.

terça-feira, maio 23, 2006

e te ofereço elogios

buscava, descontruindo, o seu encanto.
o nariz...
desconstruindo: todos os narizes são iguais.
algo mais, entre o corpo e a psique.
do todo, para o encanto, não existem as partes.
(entre cada frase ela hesita como uma menina tola,
apesar de seus trinta anos.)
as mãos,
ela fala,
concentrada,
a mão esquecida rodando,
(se metralhadora fosse mataria a todos)
veias saltadas, morena, lisa.

eu olhava, e procurava, em cada vereda sua, aonde o encanto produzia.
não era nariz, mão, morenice,
ou o macio.
que nem no mundo não há som e se pensar bem nem sol.
o sol, o som, o sal, e o encanto.
só existiam a partir do mundo,
mas dentro de mim.

quinta-feira, maio 18, 2006

a pequena morte

eu queria escrever escrever escrever até ter um colapso,
tenho certeza que se escrevesse infinitamente,
ia gozar.

eu queria ser fraca, fraca, fraca, tão fraca, mas tão fraca,
que ia ser perfeita,
pra permitir-se ser fraca,
é preciso ser forte.

eu queria comer o mundo com todos os meus dentes,
beber o mundo,
transar com o mundo,
violentar,
cagar.
queria realizar todas minhas pulsões megalomaniacamente.

e então embaixo de uma árvore me esquecer.

por flor tenho loucura

conheço alguém que faz tudo certo. não vota, e mija fora do pinico. quando é dia de tomar banho, ela pensa, e se o corpo quer, e se a mente quer, ela toma. não tem planos, nem questões, não tem praticamente metafísica, em certas épocas da vida. ela muda, o tempo todo,
sem verdades, nem certezas. eu gosto dela. mas as vezes vem um conflito. sabe, se ela quer ela quer, mas se ela não
quer, ela não quer baby. e então me dá uma raiva tremenda,
e eu tenho vontade de comer seu pescoço, enfiar as unhas no coração.
mas aí, então, ela cresce de novo, como um balão. e eu a amo novamente.
e te dou espaço, e dou meu tempo, dou meu saco baby.
Tudo.
por esse superhomem mimado.

segunda-feira, maio 15, 2006

dicionário

eu rimei amor com dor,
falta comparar a chuva com lágrimas,
ou chamar meninas de rosas.

é que são metáforas tão boas,
assim como o perfeito conceito de alma gêmea está no gim tônica:
foram feitos um pro outro.

além de parar de beber,
queria ir pra índia.
nada mais prazeroso,
que uma mulher sentindo prazer.

quinta-feira, maio 11, 2006

difícil

eu queria escrever alguma coisa,
que fosse imediato
como foto, fosse tesão
como melodia, tivesse o lirismo
das drogas, queria algo
como um dia bonito.

difícil sem canto fazer cantar.

traz a tona o seu teu,
pelo seus significantes,
traz, e enfia sob a pele,
enfia atrás dos olhos,
pra ser o meu teu,
morno, e flúido.

transforma tudo isso que não tem nome,
mas no peito dói tanto,
por forte ser,
que além de dor, agente chama amor.

terça-feira, maio 09, 2006

Blues da Piedade

"Pras pessoas de alma bem pequena,
Remoendo pequenos problemas,
Querendo sempre aquilo que não têm.

Pra quem vê a luz,
Mas não ilumina suas minicertezas,
Vive contando dinheiro,
E não muda quando é lua cheia.

Pra quem não sabe amar,
Fica esperando
Alguém que caiba no seu sonho.
Como varizes que vão aumentando,
Como insetos em volta da lâmpada. "

domingo, maio 07, 2006

graçinha

suprimia-me a fome, saber da impossibilidade,
minha rés materna, matriz de carinho,
suprimia-me o sorriso opaco do meio do caminho.
pensava nos beijos, não posso negar,
pensava no calor, e não nesse morno perene.
és pois necessário olhar pra si mesmo e sentir vergonha,
não ser normal, e até as vezes, anti-natural.
o socialmente adequado, o que não fede nem cheira,
e todo resto - o que dói.

terça-feira, maio 02, 2006

espontâneo

" Quem tem piedade de nós? Somos uns abandonados? uns entregues ao desespero? Não, tem que haver um consolo possível. Juro: tem que haver. Eu não tenho é coragem de dizer a verdade que nós sabemos. Há palavras proibidas.
Mas eu denuncio. Denuncio nossa fraqueza, denuncio o horror alucinante de morrer - e respondo a toda essa infâmia com - exatamente isso que vai ficar aqui escrito - e respondo a toda essa infâmia com a alegria. "

de água viva.

esse livro:
entrei num transe.
meio fugaz - mas enlouqueci - por breves momentos.
mudei, uma crisálida enferrujada.
leiam.

ansiedade

no onibus vivo a chegada,
na rua vivo a casa,
no jardim, a selva de pedra,
no silêncio, a salva de palmas.

tenho que brecar.
sentar.
deitar.
ser.

anônimo

libertar-se.
como?
não idealizar.

quere-la e então querendo-a,
tê-la pelas mãos.

segunda-feira, maio 01, 2006

tentativa de massa cinzenta em fluxo

sabe quando o tesão vira tristeza? é como a beleza espontanea e surpreendente, toda vez que você olha, pof! você tem que pensar... puxa, mas como é bonita. o trompete no fundo vermelho era alguma coisa assim, quando eu achei que fosse explodir. o dia acabando no vão do masp. nessas horas que agente pra ser feliz, ou vê a beleza, ou inventa uma vida. escutar jazz é uma forma de inventar uma nova vida, deitada no chão.. encher a cara? como pude esquecer! encher a cara! talvez não seja uma opção válida pra amidalas necrosadas. insuportável. plenamente. os americanos preferem filmes de violencia do que de sexo. o povo americano é neurótico por natureza, é como se eles fossem os ratinhos da humanidade... que ver quando o capitalismo fode mesmo? olha pra aquele laboratório lá, antes de aprender a ser cretino. ou judeu. o que dá na mesma. abismo. isso sim. um vácuo por dentro. isso sim. ando numas de não me reprimir. pra falar a verdade ando numas de não ter a minima idéia de como levar a vida. todos meus paradigmas cagados? e aí??! que pessimo. comida, sono, bebida, sexo. fodase.

quarta-feira, abril 26, 2006

soneto da terça feira

terça feira é movida por desejos,
o anseio de um dia de sol.
vai se perdendo no inato e sem mérito
do céu azul

as crianças, distraídas,
se perdendo por todos os lugares.
passa um senhor de chapéu,
o outro fica no bar.

o dia passa sem sustos,
os cheiros e as teorias,
e os rabos de saia.

de qualquer maneira arrumam-se todos,
seja atrás do chapéu,
ou da cachaça.

o ministério da saúde adverte:

escrever é muito perigoso,
acaba-se registrando coisas que sequer aconteceram.

domingo, abril 23, 2006

neurose, como se lírico

se eu fumasse
se eu cheirasse
se eu beijasse
se junto de mim tivesse outro

vazio, sujo e calado

e a noite, imensa.

alguém que do meu lado entendesse
que todas essas sensações que não tem nome,
só falam coisas pelo silêncio.

se alguém chorasse - as minhas lagrimas entupidas
se alguém gritasse - meus palavrões suprimidos
(se alguém dançasse - a valsa vienense)

os cigarros fumados com o cheiro da bebida barata a música o escuro a estética o surdo o surto se pra mim esse carinho fosse o transe uma transa que a guitarra fazendo carinho o escuro ia me ninar me pegar no colo a sujeira, ia ser uma quase morte.
a morte, essa noite sem carinho, ia me consolar.
essa dor, já não fica mais no peito, minha dor, meu vazio, reflete nas poças d'gua, reflete na distancia das pessoas que eu não conheço.

já não seriamos solitários neuróticos vazios filosóficos, não seriamos nada, a dor seria dos outros, eles, ao longe veriam, dois espectros,

ia ser o lirismo.

sexta-feira, abril 21, 2006

in the cold cold night'

me deu uma vontade louca de rimar,
fazer uns sonetos parnasianos,
construir uns desenhos geométricos.
essas coisas com fórmula,
tão vivenciadas,
que são até postulados.

rimar é fácil, e propício,
eu gosto do som que faz,
que faz, me sentir completa.

entretanto bilac é um merda,
e o ritmo... ah, o ritmo!
o que abate, e transtorna, e constrói,
os eu'líricos..
é meio que alheio a construções,
tá antes no orgasmo da dor.
dor e sexo, dor e sexo.
a arte é o orgasmo da dor.

quinta-feira, abril 20, 2006

(hipocondria pouca é bobagem)

tô com uma escavação no pulmão esquerdo

- e eu nem sei dançar tango

ninguém chora não há tristeza

o branquelo que era artista, assinando caixas de fósforos, mesmo que a moça que abria o show, essa aí, me fez chorar. que voz era aquela, dela dava vontade de ficar perto, não dava medo não, não tinha nada não. beber um uísque, fumando os cigarros que não fumava, ninguém é realmente mau as cinco da manhã. voz rouca, doente, seexy. e a dona louca, demente, seeexy.
não importa, só não quero que o tempo me apague. dizia-me ela, e encantava.
como já disse, não era quase nada não, era pleno. era um dia bonito. ali sentada, com o uísque.

segunda-feira, abril 17, 2006

o passado

mariana-maria

hj é outro dia
hj é mais um dia
e agt morre e nasce e nasce e morre.

maria-mariana

faz uma semana,
mas não faz chuva,
o que faz e há de fazer?

o tempo, esse pobre coitado,
deixa o vinho amargo.
o alcool sagrado,
não é doce nem é santo,
pq senão vinagre é casto.

não sei se é sono ou sobriedade,
se insonia ou se saudade,
o instante é o que se soma,
o que eu sei é o seu nome,

maria-mariana.

sexta-feira, abril 14, 2006

que mistério tem clarice?

corro, fingindo que ando,
e quando fujo, andando que finjo,
acabo por ligar pra qualquer um,
pra ir tomar um café.

do outro lado da mesa,
menina ou menino,
humano tal qual,
tanto papo que é melhor lotear.

o café acaba - e o papo.
sigo fingindo que finjo,
faz falta alguma coisa.

entre as orelhas e o estômago,
até na caixa toráxica,
falta um pedaço.

continuo vazia.

quinta-feira, abril 13, 2006

mais solitário que um paulistano

tem que começar de algum lugar. bom, acordei. entrei no banho - hoje em dia tomar banho de manhã escutando música é uma das melhores partes do meu dia - vesti uma roupa socialmente aceitável. terapia - cem reais por cinquenta minutos que realmente não valem a pena, se você se esquecer que é a futura profissão, e portanto, obrigatório - aula de psicanálise - freud, papinho, papão - faculdade, gente boba, gente burra, gente legal, e até inteligente - fenomenologia - sinuca e cerveja. a laura é uma menina da minha classe, ela é boba e inteligente, gostei dela. depois cerveja com a vic. foi assim: tocando cazuza e dorrs, anoitecendo, a leve embriaguez da cerveja, e do outro lado da mesa aquela menina absolutamente linda (e louca). tava encantada por mim, mas isso não me fez me sentir mais leve ou feliz - quiçá mais vazia.
aula bebâda do adriano, e papo depois: não tenho mais saco pra toda essa gente, quero me lançar de cabeça no hedonismo e na medíocridade. eu sou medíocre e não tenho caráter. e esses caras... que que eu faço?
vila - as vezes eu vou pra lá, as vezes eu encontro uma menina, que tá ficando com o meu homem. ela é linda, e....... bom, acho que é basicamente isso. encantadora.
depois sinuca láaaa longe.
sabe. a parte que eu mais gosto é quando eu vou dormir.

segunda-feira, abril 10, 2006

somos caramujos, levamos nas costas a metafísica

uma vez eu ouvi: não se sabe se tem alma a matemática das flores...
foi demais pra mim.
sentei em um banco,
sentei e ouvi,
sentei e olhei,
até cheirar eu cheirei.
tava tentando ver além do que pensava ver,
e cheirar,
e ouvir.
pela primeira vez,
não o sentido real das coisas,
mas o sentido mais sentido:
o sem sentido.

como se fosse lógico

há aqueles que vivem como falar numa concha do mar:
dizem lá suas coisas, nas volutas sinceras, mas nada nunca responde.

continua interminável o tal barulho do mar.

há outros que vivem como falar num eco:
dizem coisas, muitas delas,

porém seu êxtase reside apenas no si mesmo dos outros.

as pedras, por outro lado, não me parecem ter agonia alguma. da mesma forma como é deveras difícil acreditar que o laranja não se contraia em uns espasmos quando agente olha pro outro lado.
pra mim o é,
e essa é a razão do existir.

domingo, abril 09, 2006

hoje teve uma coisa linda

hoje teve uma coisa linda.
esqueci tudo por um instante,
prestei atenção no som do mundo.
algumas camadas sobrepostas:
o piano do vizinho, crianças, um barulho maquinal,
prestei muita atenção, me permiti,
e percebi um barulho constante e baixo,
da cidade,
a cidade viva.

meu reino por um mapa de passárgada

tem um paradoxo aí no meio, que me poe em dúvida.
maquiavel que nunca mais sai da minha cabeça,
sexo sem graça.
"o cara já tá buzinando lá embaixo, fazendo papel de palhaço, cheio de boas promessas, menina mimada"
humano humano humano,
não amo.
amargura engole pra não vomitar.
agente tem tanto medo,
tanto medo,
por isso que agente pode ser controlado.
perder o medo..

sábado, abril 08, 2006

old brown shoes

me sinto tão vazia

semiótica

não vejo nexo no léxico,
o sexo
não tem sintaxe.

terça-feira, abril 04, 2006

i'm gonna leave you with the backlash blues

caminhando do lado do rio bonito, tava a loirinha. eu vi ela e quis alcançar com a mão. não, não dá. entendi o que é se encantar. eu me encantei por um personagem, uma paisagem, uma música. eu sonhei com cecile de france, celine de paris.
acordei e ainda tocava nina simone.

o tempo

passa.
todo tempo.

segunda-feira, abril 03, 2006

pra cozinhar em fogo brando

me deixa
que eu tenho tanto carinho guardado na manga
um beijo esquecido no carro
uma palavra e meia ,
um casaco, ou mesmo uma mordida.

deixa os meus olhos
que eles querem ver,
mesmo aquilo que não tá lá,
deixa ele descobrir sua beleza,
e o fantástico em cima da mesa.

quero achar poesia atrás da porta,
(com cuidado pro vento não levar),
que o meu jeito,
é o meu jeito.
quase explode,
quase dói,
todo tesão.

domingo, abril 02, 2006

i can't get no

as próximas sempre com menos medo,
com menos prazer.
as próximas pra desaprender,
banalizar, desconcertar.
amar com inocência?...
não quero mais ser anjo caído.
aplacar o fel embaixo da lingua,
os movimentos convulsionados e corrosivos,
e cada vez aumenta o horizonte,
dos olhos até a satisfação.

sábado, abril 01, 2006

dança de roda

eu te amo.
eu te como.
eu te lambo.
eu te esqueço.

ou o que é muito pior

mesmo que ainda não tenha descobrido nada desse meu mundo presente
possível,
ainda resta o tão grande resto.
no fim da noite parece tão idiota,
e o passado tão previsível,

ainda tem o mundo inteiro pra ser descoberto,
destrambelhado.
devagar

quarta-feira, março 29, 2006

eu sempre soube

fato budista: energia de criação artística é puro sexo

metáfora

pra mim o mundo é todo como uma rua deserta escura,
e cada pessoa tem uma casa, com a luz acesa,
que nunca será conhecida por ninguém além do solitário proprietário.

segunda-feira, março 27, 2006

juventude transviada

tardiamente, tenho minha crise,
e essas são minhas únicas desculpas.
pára tudo irmãozinho,
porque tá tudo errado,
tudo que tá do jeito certo,
e que tá do lado errado.
quero comer com a mão,
dar o cu,
bater o carro.
cansei de tanto comportamento,
o mesmo,
em todos os lugares,
eu cansei de tanta repressão, de tanta elegancia,
estive certa,
as vezes vejo,
freud tava certo,
o sexo libera.
vamos liberar porque é o caminho,
ficar preso em posturas e soluções,
em carreiras e sermões,
isso é adoecer,
é deformar a alma.
o homem é adulto pra trepar,
amadurece, pra que?
não é pra existir perdão,
eu quero, e o que eu quero é fora da medida,
é grande demais pra qualquer um ler,
eu quero é estourar a poesia,
estourar a medida,
estourar sua preguiça.
eu quero.

sábado, março 25, 2006

vamos fazer um filme

eu não queria começos de frases nessa madrugada,
queria um arrepio, um gozo, um tejo.
queria tanto sexo,
e de receios, toda minha inocência.
os papos angustiantes, entre um ou dois gim's,
queria pedir pro mundo parar de girar,
nesse ritmo alucinante,
que eu tava naquela roda maldita,
pulando de cavalinho em cavalinho,
claustrofóbica, angustiada, só,
com todas as cores alcoolicas a volta.
eu queria pedir pra parar,
que eu queria descer.
tinha perdido um tanto da graça,
e só tinha pra mim no mundo uma salvação,
pra tanta desilusão, meu amigo,
pra tantos conceitos desordenados!
aquele abraço quente,
um rosto um cheiro conhecidos,
aquele calor materno,
que eu quase nunca tive.
andar com os pés descalsos,
se mostrou ardido.
os pés que sabiam andar sós a tempos,
esses, de repente, estavam vazios.
acolhida num abraço, não é preciso saber todas as verdades do mundo,
não é preciso ser ética e correta,
não é preciso finais eloquentes.

terça-feira, março 21, 2006

atávico

as cenas de uma vida que não vale a pena servem apenas para distrair desse eterno movimento. como um quarto lotado de papéis, fotos e lembranças, nos quais me perco até esquecer o que estava procurando.
minha ânsia desabalada de transcendência, minha compulsividade com os livros, tudo para suplantar os desejos mais singelos que há em mim: teu sexo num buque de flores, os delírios livres de uma mente sem febre.

domingo, março 19, 2006

estudo sobre a inércia

refletido no seu óculos,
passavam os sonhos,
filmes, rebanhos,
(ou seriam nuvens?).

apesar do quarto nu, mundo,
o silêncio.
que tornava as palavras bolhas,
bolhas, nuvens.

o mundo passava,
nos óculos,
e o silêncio sonhava.

e do silêncio,
por isso,
não restam palavras,
restam nuvens, bolhas, cenas recortadas, pensamentos,
restam sonhos invivíveis,
atrás do óculos,
invisíveis.

sexta-feira, março 10, 2006

9 de março

fui, com flores amarelas.
voltei, com um sorriso panaca pacas.

quarta-feira, março 08, 2006

que importam as dunas? tudo importa.

doce pregador,
apaixonado pelas próprias palavras,
metralhava, nós,
os desiludidos,
com qualquer verdade entusiasmada.
falava de mar,
perdigotos e palavras-consolo,
e de dentro,
quase inata,
me veio aquela imensa vontade,
que dentro de mim se esforçava,
e crescia e sufocava,
de ter sua mão,
na minha.

finished

eu conhecia aquele nariz, aqueles olhos.
eram da minha mãe morta,
olhava encantada, como se fosse mesmo,
uma hora e meia sem perceber o que raios falavam pela sala.
eram ondas, perdidas,
que quando eu eventualmente quisesse,
poderia resgatar.

sábado, março 04, 2006

mulheres, mulheres....

frágil.
eu só preciso de um abraço.

quinta-feira, março 02, 2006

livros

'tropeçava nos astros desastrados'
nua, vendo as estrelas.
vontade de se cortar,
beber mais já não havia.
amor maior já não tinha,
beijo algum no largo da cidade.
e a cidade já cedo explodia.
as calças sentadas no chão,
parecia o medo.
era o medo enfim
'Os livros são objetos transcendentes Mas podemos amá-los do amor táctil Que votamos aos maços de cigarro Domá-los, cultivá-los em aquários, Em estantes, gaiolas, em fogueiras Ou lançá-los pra fora das janelas (Talvez isso nos livre de lançarmo-nos) Ou ­ o que é muito pior ­ por odiarmo-los Podemos simplesmente escrever um:'

terça-feira, fevereiro 28, 2006

caledoscópio

Eu queria gravar as imagens que não saem do meu cérebro em folhas sem culpa, sem testemunhas dos meus inesperados crimes e das minhas fraquezas. Quando eu fecho os olhos e sinto prazer, nas dobras das memórias, e eu sinto prazer sob esse tédio imenso. As vezes penso tão rápido tentando ser sincera ao máximo, como se mentiras fossem como cascas de cebola, e então nada mais faz sentido e eu fico pairando num limbo silencioso e sem razão, que eles chamam de loucura.

não, eu não entendo

o copo de leite na mão, o pijama tão real quanto uma brochada, davam-na aquela aura morna de pão saído do forno. o pai deitado no sofá via o filme na t.v., e a menina via só a luz azul nas rugas dele. a dois passos da escada lembrou-se de ser simpática:
- boa noite - e liquefeu-se numa poça.

domingo, fevereiro 26, 2006

soneto da falta do que fazer (de como chegar às calcinhas em outras décadas)

ei broto, vamos pegar uma onda em bora-bora.
ei cocota, vamos embora.
juro que assim que você beber uma coca-cola,
vai perceber que eu e você somos um estouro.

ei baby, não se acanhe,
não me morda, não me arranhe,
não se assuste baby,
com minhas rimas baratas.

eu sei que eu não fui a escola,
que não sou judeu,
que eu cheiro cola,

no entanto, o melhor é começar do princípio,
ei pequena vamos nessa,
vamos fazer um filho!

certa feita: amarelo e azul ficou simpático!

existia um gato que se chamava stevie wonder, ele era amarelo e gordo.
essa noite ele se escondeu embaixo de um fusca azul,
como os milhares de imperceptíveis felinos em baixo de tantos carros, em tantas noites.
eu andava, com passos cansados.
era eu e stevie wonder, stevie wonder and me.
super romântico sabe.

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

bridge over trouble water

qualquer maneira de amor valerá.

(hoje uma das flores polinizou)

o que será que será, que todos os avisos não vão evitar?

terça-feira, fevereiro 21, 2006

arde o tempo todo

eu to na lama
tantos motivos que ardem
ocultos no prazer barato dessas tardes de bar

típico e previsível

aposto que ontem eu falei várias coisas interessantes.
pena que eu não lembro.

sábado, fevereiro 18, 2006

about lost memories, in a far far away holiday sunday.

como eu sei, porque nunca mais te vi.
(faz tanto tempo)
e também nunca mais ia te ver,
eu era outra outra outra pessoa.
(eu to tentando esqueçer, juro que to)
acho que numa tarde qualquer vai me invadir essa mesma melancolia,
mas acho que nunca vou esquecer.


obs: desculpem o inglês porco.

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

zedentarismo

não me peça para garantir verdades,
minhas verdades não duram instantes.
as milhares de pequenas existências,
não duram instantes.

não me chame de mentirosa.
chama-me de esquizofrenica.

terça-feira, fevereiro 14, 2006

porcos com asas

no meio da sala a menina, no sofá,
a menina linda. luz vermelha de bordel,
e muito café. pra todo lugar que ia,
a mesma tátil sensação, a boca,
a boca, mastigando cada pedaço,
fresco, de vida.

foi mergulhado, tudo,
no caldo do dia,
tudo lírico, eufemista, podia
segurar o mundo,
na ponta dos dedos.

mordia as esquinas, lambia
mamilos. era tudo salgado
e doce, e lindo.

extase escancarado.

domingo, fevereiro 12, 2006

deixa-me ser fútil

olha, o colegial acabou,
morreu a grande instituição paternalista.

os amigos vão pelo mundo,
cada um em um canto.

daqui a pouco saio de casa,
nem falo mais com meus pais.

e sabe, eu nem sei mais quem eu sou.

acho esse um belo dum conceito de solidão.

domingo, fevereiro 05, 2006

vide bula

a vida tá me doendo,
dores de clarice,
dores de mulher,
dores sem razão.

as cores me machucam,
tudo me segura forte,
parece uma pataquada lírica,
pungindo embaixo do meu nariz.

ei, você, quem sou eu?
ei, eu, quem é você?

as sardas de adalgisa

a coisa mais linda foi:
sua lágrima no meu olho.
era salgado e ardia

mas as outras lágrimas,
que eram minhas,
não eram só suas
eram do céu ao chão.

acho que é abbey road

eu.
eu só.
eu só vivo.
eu só vivo pra uma.
eu só vivo pra uma coisa.


"and in the end, the love you take, is equal to the love... you make..."

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

eles dizem que eu sou insana

andei pelo escadão,
as pichações,
e o muro de heras.
o chão, a parede, só sobrava o céu.
me senti dando descarga,
tudo girando, girando, sugando,
e no fim do escadão eu já era uma pessoa diferente.

aí eu acordei,
mas já não sabia quem eu era.
passei duas horas deitada nua,
e vi meus mamilos endurecerem.
eu não queria sair da cama,
fora da cama não era macio,
como o colchão e a luz laranja.

saiu o sol, e como sempre,
obscureceu minhas certezas.
sabe..

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

ceci n'est pas une pipe

"
sem contenção

sem contenção

cabe a razão de cada um ter sua visão

"


ei. to ficando nervosa.

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

tão seu - skank

Eu sinto sua falta
Não posso esperar tanto tempo assim
O nosso amor é novo
É o velho amor ainda e sempre

Não diga que não vem me ver
de noite eu quero descansar
Ir ao cinema com você
Um filme à toa no Pathé

Que culpa a gente tem de ser feliz
Que culpa a gente tem, meu bem
O mundo bem diante do nariz
Feliz aqui e não além

Me sinto só, me sinto só, me sinto tão seu
me sinto tão, me sinto só e sou teu

terça-feira, janeiro 31, 2006

a amava com a intensidade dos tímidos e a insistência dos tolos

seu gosto ficou de vez, teu cheiro, na minha cara.
sem lembranças, as memórias estão presas no meu corpo.

mas o corpo respira, e pensa.
não consigo evitar que pense.'
desejo.

gostos e bocas.

vale a pena ouvir

After Hours
Velvet Underground

1-2-3
If you close the door, the night could last forever
Keep the sunshine out and say hello to never
All the people are dancing and they're havin such fun
I wish it could happen to me
but if you close the door, I'd never have to see the day again.
If you close the door, the night could last forever,
Leave the wineglass out and drink a toast to never
Oh, someday I know someone will look into my eyesand say hello -- you're my very special one--but if you close the door, I'd never have to see the day again.
Dark cloudy bars
Shiny Cadillac carsand the people on subways and trains
Looking gray in the rain
As they stand disarrayed
And if you close the door, the night could last forever.
Leave the sunshine out and say hello to never
all the people are dancing and they're having such fun
I wish it could happen to me'
Cause if you close the door,
I'd never have to see the day again.
I'd never have to see the day again.
(once more)
I'd never have to see the day again.

tem muito a ver.
achava que nunca teria essa capacidade de intimidade assim assado.

segunda-feira, janeiro 23, 2006

um instante maestro

as palavras nem sempre compreendem a verdade.
por um instante achei que seria o tão esperado ponto final,
mas agora percebo,
nunca teremos ponto final..
pelo menos assim espero.

tua mão procura a minha - fujo,
segundos depois as procuro, e já não estão lá.
paradoxal como é,
amor - amplo e bonito.
mas insustentável.
essa era a palavra não é?

domingo, janeiro 22, 2006

i'm finding it harder to be a gentlemen

não estou mais entendendo nada
isso dá uma aflição danada
pelo menos vai perdendo as ilusões
endurecendo qualquer resquício de ternurna

todo mundo quer ser descoberto
é verdade
mas tem uma hora que tem que pensar,
e fazer um royal flesh

acordei -
miojo nas paredes
cigarro no chão

o jack white tem cara de ser maluco e endurecido
e parece muitíssimo inteligente.
- and i got mud on my shoes -

só queria fazer um soneto bicho.

quinta-feira, janeiro 19, 2006

a racionalidade e o amor (em francês)

antecipa os tropegos ébrios do espírito
e vai na contramão de todo resto.
sai a destrinchar conceitos,
esmiuçar possibilidades,

e esqueçe que o encanto,
não pode ser provocado.


não é para admirar,
e sim para sentir, porra.

domingo, janeiro 15, 2006

lembrando-se:

o vazio naum pode ser descrito por palavras.
o vazio é a ausencia delas.
é não entender nada disso.
eu e meus valores, minhas loucuras.
no meio disso tudo, que é muito maior que eu.
e dessas pessoas que mesmo assim eu amo.
e quero.
mas.
isso tudo é mais forte que nós.
escuta meu pseudo guardião, werther.
obrigado por gostar de mim, me dar tudo o que você me deu.
me ensinar tudo.
está claro, acabou.
e mesmo assim, sem volta, nem recomeço...
eu te amo.







tem pessoas que são lindas, mas não são tão bonitas assim.

sexta-feira, janeiro 13, 2006

i me mine ou tentando quebrar o maldito vaso chinês ou as primeiras palavras de emily claudel ou ainda como dissuadir uma toupeira em cinco lições

é preciso ser tão sujo pra ser livre prozac é limpo prozac é elegante (a famosa moralidade) enfim ser livre tão burguês e tão popular o engraçado é que ela veste calças de pijama minha madame é elegante porque não é livre mas veste calças de pijama e incluindo nesse papo de liberdade eu continuo e digo que não permitiria um "é" sem acento poxa isso me deixaria bolada tanto como é difícil mudar de assunto sem pontuar e o pior é que de fato não está nem perto de ser original está a galáxias de ser original (pegou pegou galáxias) acho que galáxias tem vírgula mas parenteses meu deus como sinto falta das queridas reticências puts melhor desabafar essa necessidade por teclas proibidas pondo várias palavras bem acentuadas tal qual ahn ahn inconstitucionalicimamente isso é a infancia de todo bom adolescente e coisas como péeeezinho ótimo simplesmente ótimo infancia de merda o denis falava de uma menina da vila ele disse que ela é legal mas que ela achava bonito ser feia eu pessoalmente achei bonito ela achar bonito ser feia mas acho que o que gosto mesmo é da sujeira dela a sujeira que eu não sei se é dela ou do azul acho que se confunde e talvez quando ela vai cheirar uma carreira no banheiro do azul acho que eles viram um só puta troço bonito os dois vão viver pouco mas quem que não vai viver pouco hoje em dia?

-me sinto péssima baby,
(mil cigarros)
um desconsolar tão sozinho e igual,
quem ligará?

pois é...
prozac é elegante.

(o legal dos personagens, é que eles são a personificação das mentiras e das perversões... ainda mais se você pega um wilde, ou coisa que o valha..)

quinta-feira, janeiro 12, 2006

causa/consequência

popoctpoctpopoctpoct.
décimo quinto andar.
luís do bar se masturba ao som de um rockabilly.

esquina da augusta com a antonio carlos.
o vento leva a garçonete vegetariana a arrumar os cabelos castanhos, com uma graça tão emblemática, que o cara com o rim zoado que, por sinal, acabava de voltar da consulta médica virou a cabeça pra trás, afim de poder observar, e, fatalmente, perdeu alguns instantes de sua vida.
mas ele não tem a menor chance. ela estava a minutos de se encontrar com sua muito esbelta namorada. sim, sim...
o joca já havia me dito.
ele pegou as duas no banheiro...

quarta-feira, janeiro 11, 2006

i can watch the country side

eu não devia beber, nem ficar com os seios a mostra: faz mal pra minha garganta.
eu não devia falar eu, é proibido.
eu não devia seguir leis.
eu não deveria reclamar e me sentir miserável.
eu só devia me sentir masoquista na depilação.
eu só devia me permitir bular essa rigorosa seleção de normas por causas nobres.
eu queria jogar sinuca.
eu queria liberar minhas tensões sexuais.
eu queria me sentir livre.
eu queria poder escrever tudo o que me passasse na minha cabeça.
eu queria ser idiota (ou corajosa) o suficiente pra mandar tudo a merda.
eu queria ter histórico relaciomental com quase todo mundo.
o arcade fire podia me seguir o dia inteiro.
mas hoje a noite tá tão escura.
e eu preciso me esquecer que ela tá escura?
porque?
porque?

i've been leeeeeeeearning to drive, my hole life.

segunda-feira, janeiro 09, 2006

costurandopalavras

o fim e o começo: recapitula todo o excesso: sai e entra: abre mil portas: deixa-as abertas: e persistiria tanto: o vazio teria oculto em si: o infinito


..............................................................................................................o infinito

fuvest

eu não quero mais. de verdade.

sábado, janeiro 07, 2006

is strange to dance so soon??

pouca convivência, de palavras mortas, e emails nesse entremeio, me lembram de cartas de quem já não se vê, mas de certa forma se importou. de quem num dia (qualquer por excelência), tem um chiste, e se lembra, em um ou dois vagos momentos. entra aí o flash de um sorriso incosciente de si, e pequeno, um sorriso que por isso mesmo, é puro gozo. e segue a vida desnaturada e arrebanhada da humanidade.
daí seguem-se as cartas, que por serem distantes, e por tentarem inultilmente (e sem mta força em verdade) resgatar alguma vida, como que extraindo de um fruto seco qualquer tentativa de suco, tem um tom esguio e bonito, com alguns floreios e outros borrões (algo tem q denunciar a assiduidade de harry potter). você já descobriu a importancia de ser feliz? de ir no cinema, de ir no teatro, de levar semi acordado essa vida em cima do caminho de pedras? passo atrás de passo, e o horizonte sempre visível, e sempre temível. eu não. queria q você me explicasse se pudesse, você parece saber... mas ora, me dizem que as razões são sempre próprias! pois espero que naum.. espero que se salvem, me salvem, que talvez não seja próprio, mas sim um segredo bem guardado.
talvez seja preciso conhecer-te a si proprio, pra aprender como satisfazer-se.
qr dizer, é sempre assim, naum é...?
são quase três, e você sabe ser feliz. pensar... esse é o veneno.. ler também é muito destrutivo... solucionar... isso é do demonio.. o primordial é manter-se na satisfacao propria, masturbaçao, consumismo, massageaçao de ego, tdo isso... no ciclo ínfimo, consumir, vazio, consumir, vazio, mais mais mais, e as vezes a overdose... o.d.... pois é, cada vez mais a luz traz as trevas, a luz, desse pessoal porcalhão..
quando voltar, esperarei, q você chegue baixinho no meu ouvido, e conte, o segredo de ser feliz.

obs. vê q a pergunta modificou??? pois isso significa que eu sei a resposta, eu algum lugar, só naum me permito saber, por causa de algum mecanismo de defesa... não têm o mínimo sentido.é preciso coragem, e isso é parte do processo todo. acho que sei a resposta, mas não sei a pergunta..
sofia, minha mente me perturba.

quinta-feira, janeiro 05, 2006

the arcade fire - neighborhood 1# tunels

tava tocando a história fantástica dos túneis da neve,
em que eles deixaram o cabelo crescer e esqueceram tudo o que sabiam.
foi fantástico.
a chuva tava lá fora,
e de alguma maneira o atrito do pneu deixava aquele solo leitoso e escuro,
quente.
pelo meu ouvido, pela minha boca, até pelos olhos,
saia um troço que me enchia o peito,
um troço espiritual quase líquido.

e esse troço, e o asfalto, e a música, e principalmente a escuridão,
tinha tudo uma leve impressão de que todas as concepções tavam erradas,
e que a matéria corria livre por debaixo dos olhos preguiçosos.
a matéria era livre.
e nesse instante a melodia ficou tão bonita.
que deu vontade de se chamar de lírico, ou sei lá.

quarta-feira, janeiro 04, 2006

joão gostoso

sujeito grandalhão - acabado - cara de policial com dor de dente. Entra pela edícula direita, segue pelo patamar e alcança o banheiro.

- Já não somos crianças, os rostos não conseguem mais fingir não enganar (perderam a ignorância). Sempre máscaras. O rosto no deserto não tem forma, mas basta alguém olhar, que ele se transforma num holograma (entre mil). Os olhos, o olho, é a única coisa que resta de vivo, de real. É como um pequeno animal assustado, acuado na caverna. Estamos quase sempre perdidos.

Observa as rugas, os vincos, observa a pele cada vez mais grossa. Camadas e camadas de amargura...
Ele olha, as rugas vivas, a lhe magoarem o rosto, o sujeito liquidado.

- Dois espelhos postos um em frente do outro, abolutamente paralelos.
O que eles refletem? O que eles refletem??

Um instante diferente, e ele não seria o mesmo. No entanto, ele forma uma unidade, e essa certeza o dilacera. Ele pensa, ele e o corpo. Um só. Não poderia ser de outra maneira.