quarta-feira, março 29, 2006

eu sempre soube

fato budista: energia de criação artística é puro sexo

metáfora

pra mim o mundo é todo como uma rua deserta escura,
e cada pessoa tem uma casa, com a luz acesa,
que nunca será conhecida por ninguém além do solitário proprietário.

segunda-feira, março 27, 2006

juventude transviada

tardiamente, tenho minha crise,
e essas são minhas únicas desculpas.
pára tudo irmãozinho,
porque tá tudo errado,
tudo que tá do jeito certo,
e que tá do lado errado.
quero comer com a mão,
dar o cu,
bater o carro.
cansei de tanto comportamento,
o mesmo,
em todos os lugares,
eu cansei de tanta repressão, de tanta elegancia,
estive certa,
as vezes vejo,
freud tava certo,
o sexo libera.
vamos liberar porque é o caminho,
ficar preso em posturas e soluções,
em carreiras e sermões,
isso é adoecer,
é deformar a alma.
o homem é adulto pra trepar,
amadurece, pra que?
não é pra existir perdão,
eu quero, e o que eu quero é fora da medida,
é grande demais pra qualquer um ler,
eu quero é estourar a poesia,
estourar a medida,
estourar sua preguiça.
eu quero.

sábado, março 25, 2006

vamos fazer um filme

eu não queria começos de frases nessa madrugada,
queria um arrepio, um gozo, um tejo.
queria tanto sexo,
e de receios, toda minha inocência.
os papos angustiantes, entre um ou dois gim's,
queria pedir pro mundo parar de girar,
nesse ritmo alucinante,
que eu tava naquela roda maldita,
pulando de cavalinho em cavalinho,
claustrofóbica, angustiada, só,
com todas as cores alcoolicas a volta.
eu queria pedir pra parar,
que eu queria descer.
tinha perdido um tanto da graça,
e só tinha pra mim no mundo uma salvação,
pra tanta desilusão, meu amigo,
pra tantos conceitos desordenados!
aquele abraço quente,
um rosto um cheiro conhecidos,
aquele calor materno,
que eu quase nunca tive.
andar com os pés descalsos,
se mostrou ardido.
os pés que sabiam andar sós a tempos,
esses, de repente, estavam vazios.
acolhida num abraço, não é preciso saber todas as verdades do mundo,
não é preciso ser ética e correta,
não é preciso finais eloquentes.

terça-feira, março 21, 2006

atávico

as cenas de uma vida que não vale a pena servem apenas para distrair desse eterno movimento. como um quarto lotado de papéis, fotos e lembranças, nos quais me perco até esquecer o que estava procurando.
minha ânsia desabalada de transcendência, minha compulsividade com os livros, tudo para suplantar os desejos mais singelos que há em mim: teu sexo num buque de flores, os delírios livres de uma mente sem febre.

domingo, março 19, 2006

estudo sobre a inércia

refletido no seu óculos,
passavam os sonhos,
filmes, rebanhos,
(ou seriam nuvens?).

apesar do quarto nu, mundo,
o silêncio.
que tornava as palavras bolhas,
bolhas, nuvens.

o mundo passava,
nos óculos,
e o silêncio sonhava.

e do silêncio,
por isso,
não restam palavras,
restam nuvens, bolhas, cenas recortadas, pensamentos,
restam sonhos invivíveis,
atrás do óculos,
invisíveis.

sexta-feira, março 10, 2006

9 de março

fui, com flores amarelas.
voltei, com um sorriso panaca pacas.

quarta-feira, março 08, 2006

que importam as dunas? tudo importa.

doce pregador,
apaixonado pelas próprias palavras,
metralhava, nós,
os desiludidos,
com qualquer verdade entusiasmada.
falava de mar,
perdigotos e palavras-consolo,
e de dentro,
quase inata,
me veio aquela imensa vontade,
que dentro de mim se esforçava,
e crescia e sufocava,
de ter sua mão,
na minha.

finished

eu conhecia aquele nariz, aqueles olhos.
eram da minha mãe morta,
olhava encantada, como se fosse mesmo,
uma hora e meia sem perceber o que raios falavam pela sala.
eram ondas, perdidas,
que quando eu eventualmente quisesse,
poderia resgatar.

sábado, março 04, 2006

mulheres, mulheres....

frágil.
eu só preciso de um abraço.

quinta-feira, março 02, 2006

livros

'tropeçava nos astros desastrados'
nua, vendo as estrelas.
vontade de se cortar,
beber mais já não havia.
amor maior já não tinha,
beijo algum no largo da cidade.
e a cidade já cedo explodia.
as calças sentadas no chão,
parecia o medo.
era o medo enfim
'Os livros são objetos transcendentes Mas podemos amá-los do amor táctil Que votamos aos maços de cigarro Domá-los, cultivá-los em aquários, Em estantes, gaiolas, em fogueiras Ou lançá-los pra fora das janelas (Talvez isso nos livre de lançarmo-nos) Ou ­ o que é muito pior ­ por odiarmo-los Podemos simplesmente escrever um:'