sexta-feira, julho 26, 2013

temperança

o tempo é uma mentira. então eu não vou me importar quando você falar dele.
as coisas mais leves e bonitas são infaláveis, mas não infalíveis.
toda vez que eu tentei te dizer o simples
ficou complicado,
toda vez que as palavras gritaram comigo querendo sair
eu me calei.
afinal elas pesavam mais do que o que elas queriam dizer.
então vamos pegar juntas esses brotos, sementes, feijões, palavras, chavões,
separar o pesado,
do real.
sentir a saudades,
beber o vinho
e esperar que a vida seja essa mulher, esse homem, esse bicho,
languidamente forte,
presente.
areia.

do mal que te conheço,
invade um gostar.
maresia afetiva,
a marejar meu olfato do querer,
e do ficar.

se o tempo passar
ou não passar.

quinta-feira, julho 25, 2013

poemim

ando torto
corro e caio
grito e rezo
calo.

vou e peço

de manhã
acordo
amanhã
desperto.

terça-feira, julho 23, 2013

buruka

no meio da lagoa me ensinava
só olhando.
a flor quem me deu foi o coração,
quem me ensinou foi a tartaruga.

quarta-feira, julho 03, 2013

dançar

as vezes tudo se encaixa,
o sol bate pontual no mesmo lugar onde o gato dorme.
as vezes até a tristeza passa,
porque quando tudo se encaixa
o mundo dança.
as vezes a gente tem a ligeira certeza
a incoerente verdade
de que somos gigantes,
e algo
lépido como fogo
dentro arde.

mas as vezes não.
as vezes a gente é pequeno,
menos que passarinho,
e ainda sem voar.

as vezes a gente é pensamentos
que se repetem,
emoções que não levam
a nenhum lugar.

as vezes a gente é um bicho bem bobo,
e a vida para de dançar.

então tem todo um trabalho
de lembrar-se urso, lobo, lebre.
de lembrar como é elegante o grilo,
eloquente a cigarra,
e calma a coruja.

as vezes.
e então tudo volta.
girando infinitamente
no desenho complicado e muito simples que todas as coisas tem.