quinta-feira, dezembro 20, 2012

amor

no escuro, de olhos abertos como dois gatos. pensando em tanta coisa. e talvez em mim.
é assim que te imagino e me dá uma vontade trovadora de cantar-te, de narrar o nosso amor, de gritar possíveis alegrias escondidas.
e o silêncio estarrecedor de ultimamente enfim me cala.
não há clima para tanto. não há.
e o nosso silêncio como formigas que sobem nas costas sem picar.
o nosso silêncio cheio de palavras.
o nosso silêncio
se ver, e se gostar,
mas sem alcançar a morte,
sem chocar os pés entre abismos.
o seu rosto entre os meus dedos,
perdido nas minhas palmas.
doce o seu rosto.
bonito.
ele me olha e me atravessa,
e algo dói como um deus sem piedade.
eu te olho
e ontem via os verdes que imagino ver.
hoje não sei o que vejo.

talvez o vazio do presente.
será que o nosso afeto cresceu-se em apego e se desmanchou no ar.
será dentes de leão.
ou algo.
será algo.
terremotos insuspeitos das plantas dos pés até a altura dos olhos.
um gilete a estilhaçar em pedaços cabelos e peles.

será algo
como uma mão vacilante no meio da noite.
como um beijo que lembra.
recorda de outros beijos.

como chorar.
como tocar sem encontrar,
e por fim algo.
algo como a esperança.
a esperança do amor de continuar amando.

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