sexta-feira, maio 24, 2013

flores do mal

eu tinha um desejo secreto de você me escrevesse uma carta e dissesse tudo. mas absolutamente tudo, do importante e bem escrito que se passa aí dentro.
é que me cansa esses seus sete mil véus.
para falar a verdade,
e agora faço o oposto do que peço,
foi por isso que eu desisti.
essa fumaça obliqua azul atrás dos seus olhos
me fascinou por um tempo,
e tenho que admitir que ainda fascina
quando me pego te olhando distraida.
isso quando não são os seios,
que andam tão lindos.
aqui me distraio de novo,
sou mesmo um passarinho,
gosto disso,
por que mente o urso e outros animais mais rudes que me habitam.
mas então eu desisti.
dentro do meu pulmão eu disse não,
e abri a mão,
assustada.
por que  eu nunca consegui chegar do outro lado dos seus olhos.
se é que se chega alguma vez.
muitas vez eu achei que tinha chego.
mas quando você está você acredita que nunca mais vai sair,
e quando você vê,
é dia,
e você está em algum lugar,
e esse lugar é um pouco triste sempre.
acho que agora é uma das poucas vezes que não quero me esconder atrás dos olhos de alguém.
quero descobrir o gosto do meu olhar.
sentir.
dói várias vezes.
por que é muito solitário,
e eu gosto de dividir.
mas o bom é bom demais,
só não conta pra ninguém.
sabe. você.
e agora nesse exato momento em que você lê e sabe quem é
é como se eu usasse o texto essa ferramenta louca para atravessar o tempo e o espaço.
sim, você. estou falando com você e olhando nos seus olhos.
por um lado eu queria saber mais. algo ainda me encanta,
e essa vontade de descobrir um pouco mais.
mas não. não será.
e também é bom.
então no mais denso do plágio de salinger te ofereço esse buque
de parentesis (((((())))))).
e o silêncio.
te ofereço esse silêncio enorme.
esse silêncio infinito.
esse silÊncio que quase canta.
para que nós possamos dividir algo.

Um comentário:

Anônimo disse...

o segredo de não haver segredo algum