terça-feira, junho 25, 2013

hoy

ultimamente as palavras parece que deram pra rir de mim.
(escuto bem baixinho quando as deixo a sós).
eu não sei bem se é por dor delas, se por saudades.
gosto de pensar que sim.
no fundo acho que nunca me respeitaram mesmo.

fico tentando junta-las em blocos,
colar em frases,
tecer em textos.
e elas se deslocam,
desencaixam,
tombam desajeitadas no chão frio da folha imaginária.

então eu pergunto para que que servem,
e aí então elas fazem o pior,
mais horrível ainda que as risadinhas bem baixas.
elas ficam em silêncio
como quem diz "para que serve você ô babaca".
então elas se emprestam para eu me dizer
e também me saio com o mesmo engenho.
começa a chover na cidade e tudo de repente se repousa
numa tristeza antiga.

uma ideia começa a se desenhar,
sem palavras,
só imagens.
é o silêncio que veio me buscar.
quer que eu parta.

partir.
o verbo quebra o cimento insólito das palavras.

Nenhum comentário: