Você sabe o cheiro da solidão?
Quando ele me perguntou isso ele me pareceu o cara mais sozinho do mundo. E eu fiquei com vontade de pousar minhas mãos juntas na sua cabeça, como se um passarinho pousasse ali entre nós.
Eu tive vontade de estalar seus dedos.
Sei o cheiro da minha solidão. É cheiro de horta logo depois que chove.
Ele sorriu cheio de uma ternura estranha. E me pareceu o cara menos sozinho do mundo.
E eu fiquei com vontade de pegar a minha mão na dele. De dar um beijo pequeno na parte de cima da sua orelha. De olhar fundo no olho, e depois parar.
Ali nós dois éramos duas frutas meio verdes meio maduras. Se olhando entre os açucares, cascas e cores. Ali o gosto do agora adubava algo que era o entre. O ar entre. O pomar.
É aí que tudo acontece.
No intervalo entre duas frutas existentes.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário