quarta-feira, maio 07, 2014

frieza

o gelo bem fino que se rompe se parece com vidro,
mas corta de frio e não de ponta.
o gelo que vira água
e escorre pelo seu corpo que é quente,
seu corpo que muda,
mas que é sempre mais quente que o gelo,
mesmo triste,
mesmo louco.

o gelo que dói a pele.
o gelo que emprazera o calor.
o gelo na sua bebida.
o gelo entre nós.
derretendo.
nas nossas peles quentes.
sempre mais quentes que o gelo.
mas sempre a derreter.
como se também o frio fosse infinito.
e nós duas estivessemos para sempre presas
nessa geleira escaldante, desértica, infernal.

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