agosto é pleno verão. as axilas se compadecem de mar. caracóis vislumbram os olhos das pessoas.
vermute com campari. a perna direita da mulher que já não é mais. o gosto adstringente da comida asiática.
abundância e medo.
quarta-feira, agosto 05, 2015
segunda-feira, março 23, 2015
soslaio
eu sei que ela olhou para aquela pedra parada no meio de tudo - montanha mata medo - e pensou no meu rosto. por que estavamos naquela fase em que qualquer superficie é matéria projetiva bastante, e não basta trocar calores afetos umidades languidas.
queremos mais, marcas de quase sangue na pele, um sapato emprestado, olhar de lado, beijo no soslaio da boca.
queremos mais, marcas de quase sangue na pele, um sapato emprestado, olhar de lado, beijo no soslaio da boca.
sexta-feira, março 20, 2015
encosta
a encosta anoitecia pelas beiradas.
o vento salgado crispava o resto
de sol,
acossando a sul.
o barulho umido de mata atlantica,
os jaburus, besouros inofensivos,
peixes, filhotes de peixes.
o lusco fusco é o quando
se o tempo para.
ou liberta
ou prende.
nas matizes do bem azul
ao rosa laranja e escuridão.
esperei o dia todo no sol.
a pele curtida.
atritada no vão das pedrinhas de areia,
pontilhão de quenturas emancipadas.
a pele a noite vibra
calores passados.
ela veio somente no parar do tempo.
trazia uma pequena canoa nas costas
vagarosa e vasta.
quando chegou ao meu lado
depositou a embarcação na beira mar
e sorriu
como que dizendo - é sua.
a canoa era toda beirada
e o fundo era o próprio mar.
não seria capaz de levar a lugar algum.
olhei para seus olhos de novo.
sua calma mordiscava a pontinha dos meus dedos.
era de outra travessia
ela dizia.
então demoramos ali,
esperando o inimaginável
que poderia nos demover
do durar
que ela cavou para nós.
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