E repentinamente
eis-me com os olhos bem abertos
no meio de um contra-tempo.
os braços querem encontrar os limites dos dedos,
o cenho, franzido, sério,
diz de um tempo em que as coisas eram aceitadas dessa forma:
sem muitas perguntas.
o vento quer levar meu cabelo embora,
mas não leva,
pois resisto a tudo,
a todas as intempéries que de certa forma mereço,
com os mesmos olhos bem abertos.
Porém, não há matéria que minha mão resguarde,
todos os segundos me atravessam como o vento,
sinto-os por entre meus dedos,
como rarefeita areia,
e logo os esqueço.
como única lembrança uma ordem,
vinda não sei de onde,
sabe-se lá de quem,
de resistir inerte,
perante o vento e o tempo,
com os olhos bem abertos,
enquanto você não vem.
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