quinta-feira, junho 03, 2010

amor

os marinheiros de primeira viagem embarcam com um sorriso no rosto e os dentes ainda brancos. Não sabem que estão condenados ao café de quem passou a noite fazendo amor, e ao cigarro ansioso de perder o bote. O fígado deles ainda está intacto. Bebem ainda com ingenuidade, o peito aberto para os interíns, digerindo regularmente os vai-e-vens da vida.
Desconhecem a eficácia das ressacas marítmas, os gritos dados a noite na calada da solidão.
Os marinheiros de primeira viagem sorriem pela última vez. Estão condenados, homens e mulheres, a partir em viagem sem retorno, esperança de abandono. Quando entram na embarcação os olhos se enchem da maravilha do mundo, tomando todo o espaço da memória para lembrar como voltar.
Nunca voltam, os marinheiros de primeira viagem. Eles conhecem o segredo do mundo, e deles se tornam escravos e senhores.

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