terça-feira, setembro 06, 2011

apnéia

escapam tentáculos purpúreos. se embrenhando. sentindo cheiros, lambuzando os dedos de matéria nenhuma. procurando, água profunda, escondida através dos cílios, da sua carne forte, do seu sorriso carnívoro.
correm para todos os lados. os cabelos se espalhando prendidos. pernas areias espraiadas.
fome obscura, retidão.
olhos escuros e claros.
olhos piscinas,
o cheiro do cloro entrando nos meus pulmões
o azul rasgando minhas tripas
resguardado pelo silêncio profundo
das mortes menores.
das doses bebidas para me aproximar,
dos cigarros suportados em sorrisos cínicos.
das mentiras manchando minha pele branca com cera pálida.
pegue leve.
eu beberei o néctar oferecido sem pensar ser veneno.
eu beberei o gim.
eu beberei o rum.
eu beberei até o fim.
sem morrer nem enlouquecer.
sem que nenhuma de nós perca o fôlego debaixo daágua.

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