quinta-feira, setembro 29, 2011

O freio da língua

O cloro ( grego khlorós, esverdeado ) ( 17 prótons e 17 elétrons ), encontrado em temperatura ambiente no estado gasoso. Gás extremamente tóxico e de odor irritante.”

Junto o indicador ao polegar. Contra a vontade armo arma em minha mão. Não sei de que tese é feito o seu tecido, imantado sobre minha pele. Esses olhos marrons escuros, claros, de cloro, vacinas e mantras. Minto que tento te retirar desse corpo meu, entre as unhas afiadas da mão pequena. Minto. Gostaria que você aumentasse de tamanho até cobrir meus olhos. Criasse braços galhos mil para me conter. Sentir o gosto amargo e doce da seiva escorrendo casca de árvore – a maturidade inverossímil.

Tenhas, todas as coisas que podes ser ou que planejo, sob ociosas retinas. EM silêncio, me darás a permissão para lançar mão do seu olhar para fomentar textos, cores, lagos profundos e outros planetas. O peixe escapando do rio, pulo cintilante, como se pudesse fugir da armadilha que é não dever morrer. O peixe escancarado, cruelmente cedido em farinha, limão e sol das três. O peixe vil, vingando-se em espinhos, a própria estrutura eletrocutada, hegelianas vontades. O peixe, imaginação, passagem em aberto.

Ceda-me fome, tingida de carvão e amarelo. Deixe-me rimar os acordes que saem leitosos dos meus dedos, com os seus passos estranhos. No vão do seu cabelo, fica o espaço do meu hálito. Somem as desordens dos segundos, e a ordem do minuto. Resta a conjugação do verbo: tu cloro, eu quero.

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