segunda-feira, outubro 24, 2011

sem cais

afastou o vinho da boca com certa repulsa quando viu que ele chegava de madrugada.
nenhuma palavra trocada por eles selaria acordo algum,
mas ele deu a entender,
ela sugeriu,
que não viria.
a madeira da sala respirava a relativa paz de um corpo quente protegido do frio,
e ele viria quebrar o silêncio como um pedaço de pedra
cravado na pele dela.
ela pediria.
ela imploraria.
ela beberia.
ela cederia.
e entraria no universo dele de novo.
nas suas enganações, nas suas mentiras.
no seu cheiro de amora com cigarro.
no seu duro macio.
no seu suor limpo.
ela entraria.
e de manhã já não entenderia mais
o que a levara até ali.

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