Quantas bobagens tentei te dizer entre o soluço ébrio e a
hora do sono. Quantas palavras errantes te acertaram mesmo assim, em silêncio?
Nos vapores do sonho tenta segurar minhas costelas, não há apoio, não há
maçaneta que abra essa porta do peito. E no entanto você abre. E no entanto
você se esconde. Entre as jabuticabeiras da minha infância raiando um dia
infinito. Seu vestido verde e suas coxas cor de mar. Minto verdades para te
agradar. Você sorri. Acho que não fala português. Tem medo, tanto medo. Não.
Agora você só tem alegria. A libidinosa alegria das crianças, levanta os
vestidos, prepara os corpos sempre para as surpresas do cheiro e do sal. Foges.
Por que foges ratinha? (Quem é que incutiu essa imensa ternura em ratinha? foi
Cortázar). O dia tarda. O café da espera. Te espero. Fiz um relógio desse ócio:
A cada novo café, a xícara marca um círculo de borra na mesa. Agora São cinco.
Cinco olhos negros que me olham. Que me esperam te esperar. Você chegará sem
previsão. 7 olhos negros. Ou 19. O café me acende e me escurece enquanto você.
Rindo. Que riso tenebroso. Ecoa nos porões da minha mente.
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