quarta-feira, agosto 29, 2012

sangria

ali eu te olhava de dentro. o mundo aquário me guardando da ferocidade do ar. era muito difícil viver. muito difícil sair desse cheiro de carne rubra que existe no lado de dentro das coisas. no entanto eu te via. e tremi quando vi suas coxas. elas se mexiam com delicadeza. a loucura zunindo no meu ouvido. todo esse lado de dentro chovia. os minutos escorriam pelo quarto, esguios, espertos. sua mão contornou minha dor. chegou no cerne. nos olhamos bruto, embora tudo parecesse tão pouco real.
fui embora e o sangue escorreu por esse caminho criado por nós. sua mão ainda estava lá. disse adeus atenta. o vazio agora é carne limpa, latente. pronta para ser carne novamente.

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