sexta-feira, janeiro 19, 2007

Olinda, 7 de janeiro de 2007.

tensiono nessa carta que te minto trazer-te um pouco viva nessa triste manhã de olinda. a verdade é que subjugada pelas entranhas da memória, e talvez por um leve apetite egocêntrico, tenho para mim nessas ocasiões que o mundo todo lá fora dorme.
é que foi uma noite longa, de suores e medos, e tive essa manhã de despojar-me das muitas horas de desespero na ducha fria do chuveiro.
agora que sento e te escrevo, e também o faço por medo, vou me sentindo invadida por um leve desapreço, dessasossego, esquecimento. ainda que equilibro a caneta aqui, bem embaixo de nossos narizes, para sucitar vozes de longe.
além disso sei que vivo, o estômago urge, e os cachos secando vão demoradamente se compondo.
sei que as coisas que aqui digo de fato nada falam. é só para reproduzir, no ligeiro estupor que tenciono produzir em suas têmporas quando receber essa carta, um abraço forte e vivo.

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