terça-feira, julho 24, 2007

medula

engolindo aqui uma porção do vinho ruim que minha mãe me deixou de herança. se você visse minha cara ia ser a cara de quem mastiga pétalas e mais pétalas de flores, embora sem expressão alguma. é uma fome convulsa que te deixa amarelo. faz salutar essa tua ironia. pra mamãe o melhor é deixar de presente uma frase bonita, ou duas, junto com a bandeja do café da manhã. aí ela sorriria forte e o dia ia nascer bonito, com um sol lá em cima acreditando em tudo. coisas de barulho de pedrinhas de sabão escorrendo no rio. coisas de saudades de ninguém porque eu não acredito mais em pessoas, ou de insônia dormindo porque esses segundos também são oníricos. tem alguns momentos, poucos, que não precisam ser salvos por essa doçura amarga do vinho. cintilam, percebe. e doí então cada vértebra.

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