domingo, agosto 01, 2010

ébrio breu

A noite cai
densa e amarela.
Quente, se esparramando entre meus dedos.

Olho a noite no vão da mão.
Não a reconheço.
Semblante andrógino
de sono e desejo.

Plástica noite,
úmida.
A terra pulsa sobre os pés,
me suga.
Estranhos carnavais.

Com meus dedos faço desenhos.
É entre eles que te vejo.
Corpo pálido da noite.
Olhos fundos-escuros-furtivos,
da noite.

Dentro de mim assim ecoa.
É longe o som que faz.
Agarro-me a noção de ver,
e tudo escapa.

Resta no meio dessa escuridão,
retrato ébrio da retina.
Olhos entre os dedos.
Dois bichos escondidos no fundo do rosto.

Na noite a lua clara,
faz da luz escuridão.

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