segunda-feira, agosto 09, 2010

metástase

Os dentes estão na boca. Brancos. Amarelos. Pretos. Estão para que mordam. Para que sintam o gosto acre da tinta vermelha abundante nos dedos e no rosto. Não é o mesmo gosto do sangue. A cabeça está aí para que isso se saiba. O gosto da tinta vermelha diz ao corpo da proximidade da morte, e envenena o corpo lentamente.
Se olhe no espelho do banheiro. E se alimente de tinta, vermelha ou preta. Aos poucos a pele vira plástico, e a emoção dizem que vira arte. Se aproxime assim, devagar, da morte. Como quem pede para dançar uma linda mulher, de nome desconhecido por todos.
O gosto é pior do que o do gin, mas o funcionamento é mais preciso.
Com um estilete escreva na própria pele seus melhores poemas.
Deixa brotar vasto o sangue, sempre menos seu que do mundo.
Deixa a tinta virar sangue,
para que o sangue também possa ser tinta.

2 comentários:

aninha disse...

e mancha......

Anônimo disse...

caraca!