quarta-feira, novembro 17, 2010

frutoprojeto

poderia ser do seu temperamento colérico. da cor rubra da pele - que dá a impressão de queimar quem a toque. da voz de baixo ecoando por tudo que é sólido nessa casa vazia.
poderia ser por qualquer banalidade dessas
a razão da sua mão ser tão cheia de veias.

mas é engano ser banal assim.
sua mão quase explode de tanto sangue
porque você não muda de idéia.
porque a cidade te ordena que ordene,
e você obedece
em direitas e escancaradas esquerdas.
é assim que tem vivido,
com a mão sempre em punho,
iluminando no fundo da retina apenas projetos.

é por isso que hoje parto.
para aprender a perder a direção.
tornar o plano concluso,
estático movimento do corpo que volta a si,
contemplando a tudo imenso imerso.

é por isso que o deixo só entre os copos de vidro,
para que você não tema mais que eles se quebrem.

é por isso que o deixo só entre tantos caminhos,
para que você se perca sozinho.

é por isso que o deixo só, nu, e talvez desiludido,
para que talvez quando eu volte,
você possa me enxergar pela primeira vez.

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