segunda-feira, outubro 08, 2012

poseidon

Ele vinha bater nos meus pés. Parecia uma criança insistindo por atenção. O que incomodava de gelo e areia entre os dedos, os olhos compensavam no fim da tarde.
Sempre tive um pouco de medo do mar. Justo. Antigo e enorme. O mar é como se a mitologia existisse. E não dá para ver o que há no fundo. Se as mãos enormes de Iemanjá, seus cabelos verdes de tanto mar. Tampinhas de cerveja, cacos de vidro, restos de animais.
Às vezes sinto que ele vem me buscar, com sua mão imensa. Melhor - me recolher.
E obedeço um pouco muda. Me embriago, embrenho, me implico. Me misturo profundamente a essas partes de água e sódio. Mistifico a água. Ela me aguarda, me carrega para o mesmo lugar.

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