domingo, outubro 28, 2012

tudo

foi assim. exatamente assim. a tarde derramada em cima da mesa enquanto não viamos, a noite se espalhando como leite, absorvida pelo poroso do tecido, discreta, cheia de estrelas nulas escondidas, mas ainda ali. foi exatamente assim. nós entramos no carro e nos olhamos. nós fomos para o cinema. nós compramos ingresso e nos olhamos. no meio do filme nós nos olhamos, denso, e o rosto revelou algo novo. foi exatamente assim. no seu rosto não existia nada. existia a luz trêmula da tela brincando na sua pele. existia um som distante falando de outros universos. e o seu olho me olhava em silêncio. e ali, exatamente assim, o seu rosto como era. um silêncio de rosto, a revelar todas as possíveis palavras.

Nenhum comentário: