terça-feira, agosto 06, 2013

madrugada

largou o copo abruptamente e ninguém entendeu em que segundo foi que ele decidiu não quebrá-lo.
o copo largado então manso na mesa,
como dando uma chance para uma compreensão mais silenciosa
e cheia de veludo.
ele olhou para os lados.
procurava quem o procurasse.
ninguém.
ninguém ali para manter os olhos atentos sobre esse gesto quase de brutalidade
quase ódio
quase amor.
pediu outra cerveja,
se certificou da temperatura.
de repente num mesmo segundo abrupto encheu-o uma nota comprida.
menos vulgar que dó,
menos comum que lá.
encheu-o
e o largou flutuando bêbado e risonho
naquele bar que nunca antes frequentara.
a menina com que tinha lançado uns olhares
o amparava firme para que não caisse.
ela disse entre os dentes
você é leve
e intenso
e tem um sorriso devastador.

então o sonho tomou outros rumos e essa história já não tem mais importância.

Nenhum comentário: