terça-feira, junho 20, 2006

alienação

(girava, girava, gritava, anseava, a lágrima, o suor, e o desejo. e gritava de desejo, e ardia.) - mas nisso não preste muita atenção.

paredes que continham as neuroses, os limites a criar a civilização, matar um velho desespero humano.
dentro do quarto ardia incessante a vida, ausente da vida.

dias que passam brancos, salvam-se os mínimos instantes,
de coisas que podem ser sentidas,
com o âmago.

nem o amor se salva,
esse que se inventa.

nem o frio, nem a dor, nem o poeta,
no fim já não há mais o que se salva,
o que resta de profano e puro,
fora teu sexo e sangue,
e tinjo-me de tinto,
e deliro,
acabo com a angústia da dúvida,
que é a única coisa que me resta.

Nenhum comentário: