ato 1:
em cada resto inoculto dobravam mil decibéis. ébria cissão entre o fora e o dentro, me esparramava com a boca enlameada sujando os seus tapetes. pouco me importava. era então ódio do começo ao meu fim, o deslizar secreto do que parece mais natural, os olhos passando pela sala, fixos nas garrafas vazias que serviam nosso banquete.
olhava intermitente o casal fuso nos sofás, flutuando na música altíssima e dissipada daqueles dias. era o ódio quem tornava tudo muito natural. olhava as garrafas - as garrafas são de vidro.
olhava para o casal - o amor que é de vidro.
ato 2:
então veio o sol e diluiu tudo na rubra aurora.
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2 comentários:
Sabe, o Auri disse em suas fogosas aulas do primeiro colegial que o Sol é símbulo da razão e a Lua da emoção.
No dia, ao ardor do sol, tudo se ilumina, fica mais claro, mais objetivo e identificavel, mas aquele que fica no sol por muito tempo torra.
a gente os manuseia com delicadeza profana dos amantes e das garrafas.
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