quarta-feira, novembro 25, 2009

atmosfera

acordei.
era verão talvez.
acordei com sono e prontidão,
cabeça feita,
orgulho de formiga.

o banho tomado pra levar os sonhos pro ralo,
café feito para afastar as más idéias,
estômago cheio para os músculos fortes.

me perdi nos labirintos retos dessa cidade,
avenidas, marginais,
atravessar zonas,
nunca
olhar para os lados.

na hora do almoço é que fui acordando,
ou dormindo.
foi dando uns olhos claros de afeto,
o corpo sentindo o formigamento da solidão quente.

era meio dia,
estava num deserto
de cimento e tinta branca.
o seu rosto palpitava na minha memória,
mas seu nome me escapava.
um homem de voz grossa me chamava detrás desse sonho,
ou de dentro.
estava como num vidro,
mas era só por estar só.
a voz dele era grossa e eu ria do som do meu nome.

você era provável só do outro lado da cidade,
seu nome eu acho que conseguiria acertar,
se visse seu rosto.
porém eu não via nada,
meus olhos estavam embasados de lonjura,
e o pensamento era pra dentro.

equilibrando os músculos nessa loucura difícil tirei meus braços turvos da água,
(era uma água sólida que só muito tempo depois fui entender areia),
chamei o seu nome,
que já não era nome,
era som.
era guincho.
era desespero.

minha voz ecoou na cidade,
mas acho que ninguém ouviu.

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