terça-feira, fevereiro 16, 2010

flores horizontais

me perco,
os cotovelos apoiados nesse vidro.
opaco.
lá fora eu ouço o rio chorar baixinho.
é noite e a escuridão é cheia de mistérios,
mas tudo quanto é de dia é igual de noite,
se há algo que os olhos reconhecem.

eu ando,
e seria equívoco se assim não o fizesse.

a opacidade do vidro,
por seu próprio lado,
não tem mistério algum,
se é verdade que vela,
desse modo nada revela.

por entre gritos abafados nesses corredores apertados,
tento um caminho que meu corpo desenha,
entre os desejos de meses,
espojos de um relacionamento.

há marcas na parede
e palavras que batem
e ecoam antigas canções,
de alegria e nostalgia,
canções que nos fazem chorar de pavor.

atrás de alguma porta devemos ter esquecido um dos nobres animais que caçamos,
jurando ser justificado,
ignorando o vício.
entretando o cheiro que sentimos é perverso,
e nada tem do vital que alimenta,
a mão e os olhos.

se caio me levanto,
pois o vidro é gelado
e potencializa a tristeza acumulada nos pulmões.
tento andar vacilante
porque sei que a única coisa que salvará
esse pântano que criamos sem perceber
é o movimento.

parto na esperança de que seja o único modo de permanecer.

2 comentários:

aninha disse...

http://b.radio.musica.uol.com.br/radio/index.php?ad=on&ref=musica&busca=flores+horizontais&param1=homebusca&q=flores+horizontais&check=musica&x=0&y=0

aninha disse...

e partir foi o único jeito de partir.
nada, ou muito pouco, permaneceu.
e a única leve dor é a percepção de que valeu a pena.