domingo, agosto 15, 2010

doses pequenas

Ela entrou na cozinha ansiosa. Mal disfarçando o crime que ansiosamente cometeria. Sentou na mesa que ele acabara de deixar vazia. Olhou atenta. Marcas de café. Passou os dedos pelos círculos e círculos de úlcera e responsabilidades desorganizadas. Um pouco de açuçar derramado. Prognosticou - Era um fraco, e precisava do subterfúgio do doce para se ver com o amargor. Nenhuma louça a lavar, só a mesa suja - Ele não ligava pro supérfluo, ilusão de dever. Não lhe valia nada ter uma mesa sem nódoas. Na geladeira resquícios arqueológicos de compras não habituais, e um cheiro estranho - Autonomia delicada. Desejo de se fundir ao vento.
Calculou os prós e os poréns
e constatou delicada
Nux vomica para os excessos do medo,
phosphori acidum para alimentos ou bebidas azedos,
para quando tivesse ciúmes demais hyoscianus
e arnica
para os esforços exagerados.

3 comentários:

Anônimo disse...

Aninha, como adoro o que vc escreve. Agora então, com a menina longe, vou me alimentar da sua poesia. Cotidianamente. beijos da esquecida...

Anônimo disse...

homeopaticamente, devagar e sempre.

Ana Roman disse...

Sil!!!
Tava pensando em você faz dez minutos! Que saudades que tenho, que coisa...... Quando tiver um tempo e vontade e tudo mais, vamos nos ver?
Enorme beijo!