Os homens todos estavam inquietos. olhavam apreensivos
para os lados. Fundo, uns nos olhos dos seguintes. O escuro de seus olhos os
fazia femininos, fortes do modo de quem conhece um segredo. Eram anciões em
corpos jovens, o que agravava a sensação de que algo ia mal. Um deles segurou
no meu braço firmemente, deixando marcas roxas no meu punho. Seu olhar era
cinza. como a praia e o céu. Ele me explicou que participaria de um mito.
A tartaruga imensa desceria esse fim de tarde da
montanha: sua barriga era de fogo e seu casco de fumaça. Eu deveria ir para o
mar, não tão fundo que me afogasse, não tão raso que me queimasse em sua
barriga.
Deitei-me no mar como devia e, como todos, olhei para
a terra. O tempo seco estalava sem trovões. Repentinamente, a enorme tartaruga
começou a descer a montanha. Seu corpo ocupava toda a terra, e seu passo era
avassalador. Em segundos ela cobrira a distância de meses de caminhada, e nos
lambia as cabeças. Ela sorria. Nós cuidadosamente amparávamos frágeis nas mãos
duas crianças, a morte e a vida. Estavamos plácidos e úmidos. Silenciosos de
viver um mistério.
Um comentário:
sonhei com um povo inventado. acho que esse era o mito deles para o vulcão.
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