sexta-feira, dezembro 24, 2010

agora

você sôfrega
se espalhando nas paredes
entre marcas de sangue e saliva.
o cheiro dos seus restos é tão real
que me compunge.
e saio desse dentro de mim tão distante,
ilha de árvores antigas selvagens e cheias de polpa,
e te olho com os olhos cheios
como a lua olha o mar
quando entre eles há maré.
sua boca é cheia de peixes
suas curvas cheias de escuridão
esse sexo que nos ocorre
é presente,
e apenas isso.
nada tem medida do calculo,
é a primeira vez que duas mulheres puderam se entregar nessa luta amorosa de um fim.
é assim que te olho me sinto olhada e mergulhamos
no cheiro denso, nem bom nem ruim,
do selvagem que paira no ar.

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