domingo, dezembro 19, 2010

o marinheiro

sempre pensei em porque os olhos mudam de cor. não sei se são todos. os meus pelo menos mudam um pouco às vezes, ficam mais castanhos, mais verdes. sempre aventei teses que pudessem preencher esse vazio: que eles mudavam conforme o número de mentiras que se andava contando, que talvez a alma estivesse mais perto dos olhos, que o sol, que o som. lendo caio fernando abreu descobri a resposta:
"— Abraça tua loucura antes que seja tarde demais — ele disse, e seus olhos tinham a cor do mar. Tinham a cor exata de quem por muito tempo, todas as horas, todos os dias de muitos meses e anos, olhou detidamente o mar, acompanhando o vôo das gaivotas, interrompendo-se em rochedos, nivelando-se ao movimento incessante das ondas. Verdes de um verde movediço entre o denso do vidro e o suave da hortelã recém-plantada, líquidos como água móvel, interior de gruta, rasos de pedras claras. "

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