deixa eu deitar aqui. deixa eu ver o céu se fechar. deixa vir
é noite ou chuva.
deixa a imensidão azul cair nos meus olhos,
e entender qualquer coisa ou quase nada.
A cada volta que ela dá
a barra do vestido da rainha vem me molhar.
ela dança longe longe
não vejo o baile,
mas escuto os tambores.
eu vejo é a fumaça
que acompanha tão bem
a embriaguez do fígado ou da alma.
o rosto moreno dela se esconde nos passos e véus,
se ela olhar demais nos seus olhos
gira gira e puxa muito
labirinto de se afogar na escuridão.
respira fundo,
aqui você é pequeno demais.
estica os pés.
Lá em cima o moço fecha os passos fazendo a corte,
seu terno branco, anoitecido
é negro e negra é a ferida.
os dois se chamam
cachaças e excessos,
segredos sussurados em ventos,
danças correntes de ar,
a noite elétrica profunda e azul.
perder o pé, o gole
deixa-los dois
e dormir aninhado em amplidão.
de manhã a luz é pouca com cuidado para não os acordar.
tudo é ressaca, preguiça.
na praia sozinho você se estica,
flores e garrafas vazias.