quinta-feira, fevereiro 17, 2011

lisboa

A palheta cinza, branca, azul, dos retratos europeus eram anteriormente frutos idílicos de estados de espírito que nunca conheci. Quando cheguei em Lisboa, porém, conheci essa luz opaca e azul atravessando os prédios - tão antigos quanto as histórias - as árvores nuas, as praças, a fumaça de castanha.
Lisboa nessa época do ano é azul. E linda de morrer.
Como uma menina bem menina, tímida e pudica, a irmã menor dentre todas as filhas da europa.
Lisboa é como uma menina que não sabe que é bela, e que deixa que você se esbalde na sua inocência. Até que ela se torne vazia, e você, morto de tédio, vá embora para a próxima paisagem.
Lisboa é uma menina muito pálida e quebradiça, macia e quase gorda, que você receia que de tanta doçura adoeça ao anoitecer.
É uma cidade que te dá vontade de viver, e andar, e morder, e morar, até que você perceba que nada que você faça vai mudar sua natureza: eterna menina pálida, com seus olhos bem azuis mais velhos que o mar.

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