segunda-feira, junho 27, 2011

cronos

ouvi um relógio tocando lençois,
gritando números imaginários de fila de espera.
ouvi seu rumor, lento anticoração,
conclamando o mundo a uma só ordem.
ouvi o silêncio responder a cada batida com estupefação,
ouvi as gotas vazando em cima do tapete.
ouvi os segundos passando em semáforo e areia.
vi saturno estalando os dedos,
e caçando seus filhos a agulhadas.
senti a dor profunda do tempo pedindo por seus nove homens e mulheres,
olhando para o ar, na fila do horizonte.
segui os ponteiros,
que apostavam corrida uns com outros,
eterno retorno ao mesmo lugar.
olhei o relógio na minha mão,
olhei o relógio no meu peito,
e senti que ele era dor,
dor de algo que não é tempo.

4 comentários:

selene disse...

quando os silêncios inventam de ser relógios, nem saturno segura.
(existe um luvar certo?)

selene disse...

lugar, não luvar.

Ana Roman disse...

o lugar é o espanto de compreender.



acho.

e o seu?

selene disse...

hoje seria um picolé de lençol no alasca. amanhã já não sei.