quarta-feira, agosto 03, 2011

dia ruim

não sabia como começou porque aonde que merda. quando que a mãe de repente estava com as mãos no seu pescoço, gritando algo, coisas bíblicas, pássaros. quando que jurou de morte, expulsar de casa, sangrar os bois. não sabia.
talvez tenha começado quando a mãe ordenou que subisse as escadas para pegar um casaco para o pai. e ela respondeu que pegaria sem problema, não precisava de ordens.
talvez tenha começado aí.
ou talvez quando olhou o olho da outra e viu labaredas.
quando estendeu os braços e disse em voz firme.
eu vivo
e estou aqui.
essas palavras eram demais para a mãe,
que vivia na psicose de que era a única pessoa real de sua casa,
e que podia manipular os familiares como títeres,
uma vez que se não cumprissem com suas estipulações absurdas
ela se mataria.
quando a menina olhou em seus olhos e disse - eu vivo e estou aqui,
a mãe reagiu como reagem todos os ditadores,
o extermínio.
mas a violência de uma mãe contra uma filha era algo que a razão não era capaz de explicar.
não sabia como começou porque aonde que merda. quando que a mãe de repente estava com as mãos no seu pescoço, gritando algo, coisas bíblicas, pássaros. quando que jurou de morte, expulsar de casa, sangrar os bois.
não sabia.

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