talvez tenha começado quando a mãe ordenou que subisse as escadas para pegar um casaco para o pai. e ela respondeu que pegaria sem problema, não precisava de ordens.
talvez tenha começado aí.
ou talvez quando olhou o olho da outra e viu labaredas.
quando estendeu os braços e disse em voz firme.
eu vivo
e estou aqui.
essas palavras eram demais para a mãe,
que vivia na psicose de que era a única pessoa real de sua casa,
e que podia manipular os familiares como títeres,
uma vez que se não cumprissem com suas estipulações absurdas
ela se mataria.
quando a menina olhou em seus olhos e disse - eu vivo e estou aqui,
a mãe reagiu como reagem todos os ditadores,
o extermínio.
mas a violência de uma mãe contra uma filha era algo que a razão não era capaz de explicar.
não sabia como começou porque aonde que merda. quando que a mãe de repente estava com as mãos no seu pescoço, gritando algo, coisas bíblicas, pássaros. quando que jurou de morte, expulsar de casa, sangrar os bois.
não sabia.
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