quarta-feira, agosto 24, 2011

lodo



Os corpos brancos e arredondados das mulheres submersas nos mares de barro.

Afundam um centímetro a cada ano,

e do seu sorriso entreaberto e irônico,

vejo fumaça saindo.

Toco n'água com a ponta dos dedos,

minha língua sorve os restos adstringentes.

Cabelos cruzam meu olhar,

não posso me defender.

Tampouco frio, os mares enlodados são gelados,

simpáticos ao que se passa dentro daqueles corpos.

Passo os dedos entre os seios patéticos

e penso que deviam chamar melancolia, o que usualmente se chama mulher.

Vejo seus narizes de 15 anos marcados pelo uso contínuo do pó,

a carne descolando sincera de suas costas.

Tão frágeis as meninas mais violentas,

fragilmente violentadas,

tão loucas.

Como são poemas, ou poetas desvairados,

são como cachorros abandonados ou coléricos.

O reflexo do céu branco em seus olhos acredita alguma paz,

além mar, escuto seus rumores.

Invento no silêncio sussurrado que escuto:

para além desse pântano

um enorme planeta

onde elas possam desaguar.

Talvez seja plutão.

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