quarta-feira, agosto 17, 2011

neméia

essa noite
costurei com as mãos uma canoa.
cacei o leão,
lambi as feridas de um deus morto.

tirei neméia das costas
e pus no mar.

essa noite
procurei no cheiro do vento
as direções negadas pelas estrelas
para chegar a sanga da praia de pedra.
a praia da selva.

lá o calor deitado por todas as coisas,
e a carne verde ficando vermelha
bananeira, manga, mim, mamão.
frutas maduras
inventando verão.

essa noite
tirei neméia das costas e pus no chão.
essa noite
cavei na minha carne o doce, o tenro e o alcóolico.
essa noite
uma fruta chamada leão.

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