domingo, abril 22, 2012

vento

Eu lembro quando você olhava para mim com olhos famintos.
Sempre assim. Eu fingia que era essa outra pessoa que na verdade sou. Andava olhando fundo nos seus olhos, e mudava repentinamente de direção. Você era uma menina. Ou era assim que eu te imaginava. Para conseguir ser a mulher, ou o homem, que tudo entenderia. Você era pequena, e talvez achasse cachaça da minha loucura. Eu nunca realmente achei que era louca, embora, depois, quando você se tornou uma mulher,  tenha me dito tantas vezes, insistentemente.
Talvez você tenha achado isso por ser a menina que eu sempre suspeitei em você.
Ou Talvez eu seja a louca que você sempre imaginou de mim.

De longe bate o vento, te vejo entre dedos, longe longe,
tudo mudou,
eu a menina, você a louca.

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