quarta-feira, maio 16, 2012

tzu

no começo era por educação.
por um senso estético do convívio social que eu deslizava pelas palavras.
esse animal peludo e úmido, escorrendo pela minha garganta, se confundindo entre os meus dedos,
se escondendo nos cabelos finos da nuca.
eu não queria fazer isso. mas eu precisei. para fazer eles felizes.
eu lembro como você se encaixou suave no osso difícil da omoplata quando não soube que mais uma vez eu havia corroído nossas bordas.
foi para tentar te alcançar nessa simplicidade que eu me inventei castanha, com olhos de jabuticaba.
o bicho me encarinhava com seus calos plásticos.
passava as falanges nos meus lábios quando era para silenciar,
soprava indecências constantes nos meus ouvidos.
eu passei a levá-lo para todos os lados.
escondido nas cavernas do meu corpo e do meu pensamento.
agora que o afasto com os dedos você há de entender e perdoar,
a ternura castanha, peluda e úmida
de toda mentira.

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