lambe nas mãos o resto do cheiro. os dedos parecem quentes, ainda que mal afeitos à palma do rosto. enfia a língua por entre as falanges, remove para dentro de si o gosto de peixes vivos. os cigarros guardados nas gavetas, anêmicos. as torradas de três dias atrás ainda esperam algo. a areia nos pés lembra que tudo já foi melhor. falta na garganta o calor difícil da cachaça, as mãos entre os cabelos, no macio fino da nuca. a mão a arrumar a gola, incorporar a postura. falta o encaixe perfeito da nuca com o ombro. faltam as plantas maciças, muito vivas. a completude avessa a estar inteiro. poesias escritas com gelo, esperando que você possa ler antes que se apaguem em água.
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Um comentário:
que forte.
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