sexta-feira, novembro 30, 2007

velamento

as mulheres na cozinha de uma solidão, andando como gatos. a cada passo das pernas rijas, o assoalho frio a endurecer a vida. vendo-me nos seus olhos desconhecidos, aprofundo-me num leito úmido, dos mil desdobramentos entre o sono e o sonho. tateio-lhes os olhos como se procurasse a profusão de um tu: o duro entrevir das pernas, as sombras dos quartos e os fantasmas dos ausentes. assim nos se-mos com todos olhos, e então será porque o olhar resiste às sombras.

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