terça-feira, novembro 04, 2008

platão

sábado de manhã e eu passo na sua rua de carro.
ainda não tenho a coragem de usar os meus pés.
vou de carro,
passo rápido,
dói meu pescoço de tanto dobrar.
não encontro ninguém
e não vejo nada.
só uma janela, um lustre, uma luz esmaecida.
livros que nunca lerei.

terça feira às 7:00 passo de bicicleta,
mudo meu caminho,
procuro uma resposta.
uma janela fechada.
persiana azul.

outras tardes da mesma infância persisto.
quantas janelas encontro
fechadas.
quantos segredos guardados
por trás de quantas portas.
todo o mistério melhor desconhecido.
e tudo o que melhora com o tempo.

a mesma infância no peito,
fios brancos no cabelo.
paredes,
ângulos principalmente retos,
alegrias, dissabores,
jantares e folias.
dentro das casas ainda segredos,
que agora também a mim guardar.

passam os anos.
às vezes ainda volto à mesma janela.
você às vezes tá em casa,
abre a janela para acenar uma saudade.
prefiro que não,
corro enquanto é tempo.
durmo e não deixo de pensar,
persiana azul..
durmo bem.
sou pura à tarde e à noite.
amo em segredo,
e só para mim.

Um comentário:

aninha disse...

De Infâncias que não vivi,
metáforas que não são minhas.
(e sim do minduim).