segunda-feira, dezembro 08, 2008

beijo

um ela comia abertamente, como falando.
com as mandíbulas bem dispostas dilacerava os cereais emulsificados pela saliva. em movimentos redundantes desgastava a fera que dessa vez não a exterminara. o rebanho, por uma vez, era seu.
um ela que tinha no rosto semblante de vida e morte, a alma.
pois sentia nos olhos concentrada toda a atenção que tinha ao mundo.
sentia, por sua vez, os cheiros das esquinas. e sentia-se dor.
ouvia o corriqueiro,
esperava os fárois.
e as vezes falava demais.

e bem naquele buraco bem fundo dessa cara que um outro ela decidira se entregar,
quisera ela dizer o quanto precária a vida sem os buracos da cara.
quisera ela.
e bem gostada decidiu no buraco lancinado por o seu.

se mexiam.
por vezes mais,
por vezes menos.

ali naquele buraco da cara.

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