Ontem eu te mostrei minha blusa branca, segurando o tecido com o nó dos dedos. Enquanto te olhava, dizendo pelo contexto: olha, essa nódoa fui eu que fiz, não por desajeito físico, mas por pouco jeito humano.
Você me olhou de volta, tão séria que me faltou ar.
Em algum lugar distante ouvi um terremoto, dentro ou fora de mim.
Em algum lugar a água encheu o chão, alcançando os ouvidos, o nariz, os olhos e a boca. Em outros lugares, dentro e fora de nós.
Nós em um quarto.
O quarto seco, quase árido,
o solo estável.
E todos os objetos respiravam silêncio.
Eu vomitava palavras sob o seu rosto inerte,
nosso fogo morto.
Se fosse sonho eu cuspiria,
gritaria de todas as cores em cima de um balcão frio ao alcance da sua janela.
Se fosse um sonho você não teria rosto,
teria apenas pedra.
Embora eu ainda não dormisse quando eu me calei fraca e você me beijou,
abrindo a porta para outro sonho,
mais azul e mais bonito.
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3 comentários:
e mais cuidados
Parabéns, moça!
Textos muito líricos e tocantes.
Torno-me tua seguidora.
Te convido para conhecer meus labirintos.
Quando por lá passar, deixe uma marca.
Bjs
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